A Plataforma em Defesa do SNS manifestou-se hoje, junto à entrada do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, contra o encerramento do serviço de neonatologia, rejeitando que as medidas anunciadas sejam apenas de reorganização.
“É um serviço de excelência que serve o país, a zona sul e as ilhas. São 16 camas para bebés prematuros com graves problemas", disse aos jornalistas Isabel Barbosa, porta-voz da plataforma, afirmando que “não há necessidade de transportar os bebés de um lado para o outro”.
A responsável da Plataforma mostrou-se convencida que, apesar das declarações públicas que apontam para uma reorganização do serviço, a "intenção é encerrar".
"Aquilo que se passa é mesmo, de facto, a tentativa de encerrar este serviço e é isso que nós queremos impedir com esta concentração”, disse aos jornalistas Isabel Barbosa, porta-voz da plataforma.
Isabel Barbosa falava à margem de uma concentração de cerca de duas dezenas de pessoas junto ao Hospital Dona Estefânia (HDE), durante a qual lembrou que a decisão de encerrar o serviço foi tomada sem qualquer diálogo com as equipas clínicas, apanhando todos de surpresa, baseando-se na ausência de escalas para os próximos meses.
“As equipas foram apanhadas de surpresa [...] e estão profundamente chocadas com esta notícia. (…) Queremos que seja revertida pelo Governo. Já pedimos uma reunião à unidade local de saúde (ULS) de São José e aguardamos resposta”, afirmou.
A possibilidade de encerramento deste serviço foi avançada pela comunicação social a 18 de novembro. Nesse dia, questionada pelos jornalistas a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, explicou que o fecho da unidade “não está previsto” e que o que está a ser elaborado é “um projeto de organização” da resposta.
“Havendo duas neonatologias, uma em Estefânia e outra na Maternidade Alfredo da Costa, e pela falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente nestas especialidades de materno-infantil e neonatologia, há um projeto para [a sua] organização num polo”, referiu.
A porta-voz da Plataforma em Defesa do SNS recordou que atualmente “há dificuldade” em fazer a escala dos médicos.
“Não têm os horários dos próximos meses e, portanto, sem isso [o serviço de neonatologia] não poderá funcionar”, salientou Isabel Barbosa, alertando que “têm de ser tomadas medidas urgentes” para que sejam contratados médicos para o Hospital Dona Estefânia.
De acordo com a responsável, parte do problema “é oferecer condições de trabalho aos profissionais de saúde”.
Para a Isabel Barbosa, a ideia do Governo que quer aplicar na Administração Pública de que “por cada profissional que sai entra um” pode não ser uma boa solução.
“Isto não pode resultar. Este é um exemplo daquilo que não pode acontecer. Nós queremos manter este serviço e queremos reforçar e defender o SNS”, sublinhou.
A responsável lembrou que no HDE, que pertence à ULS São José, “estão oito camas a funcionar” quando deveriam estar 16.
“Oito das incubadoras estão encerradas por falta de profissionais, mas já estavam a ser arranjadas soluções para que reabrissem estas camas, mas (…) fomos surpreendidos com esta decisão. Nós queremos que este serviço reabra na sua plenitude, com as 16 camas, as 16 incubadoras, para os 16 bebés que necessitam deste tipo de cuidados para sobreviver”, vincou.