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ULS Gaia/Espinho diz que cumpre integralmente orientações e quer manter valências

Lusa
21-11-2025 15:02h

A Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE) considera que cumpre “integralmente” as orientações para manter a qualificação atual, rejeitando que lhe sejam retiradas valências nas áreas de pediatria, neonatologia e obstetrícia, conforme consta da nova proposta nacional de referenciação.

Num ofício datado de hoje enviado à Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, ao qual a Lusa teve acesso, o presidente do conselho de administração de Gaia, Luís Matos, refere que “não se afigura adequado retirar qualquer valência” à ULSGE e estabelece o compromisso de criar uma Unidade de Cuidados Intermédios Pediátricos.

“Na sequência da proposta relativa à Rede de Referenciação Hospitalar em Pediatria, e considerando a pronúncia oportunamente apresentada, vimos por este meio reiterar que a ULSGE cumpre integralmente as orientações estipuladas para manter a sua qualificação como nível IIB”, lê-se no ofício.

Paralelamente, a ULSGE aponta que, “atendendo às necessidades identificadas” no plano da comissão nacional, já foi integrado na sua “estratégia assistencial e operacional” a criação de uma Unidade de Cuidados Intermédios Pediátricos e enumera várias garantias como “a adequação da resposta clínica, a melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados e o alinhamento com os padrões nacionais de referenciação”.

Em causa estão as conclusões preliminares da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, no âmbito do processo de consulta pública sobre a redefinição da rede de referenciação, um tema que já gerou reparos e preocupações por parte do presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), e do PS de Gaia, agora oposição nesta autarquia do distrito do Porto.

Na semana passada, num comunicado interno ao qual a Lusa teve acesso, o presidente da administração da ULSGE dirigia-se aos funcionários da unidade de saúde para os tranquilizar, referindo que “o conselho de administração tem acompanhado atentamente este tema e os seus potenciais impactos para a ULS Gaia e Espinho”.

Hoje, contactado pela Lusa, Luís Matos reiterou estar “muito tranquilo”, até porque crê que em causa esteja “provavelmente um lapso”.

“Não faz sentido nenhum nós deixarmos de ser aquilo que somos hoje. Somos um centro que tem uma pediatria, uma neonatologia e uma obstetrícia de elevado nível e qualidade. Temos cirurgia pediátrica, temos os cuidados todos necessários para dar resposta à nossa população. Falta-nos, de acordo com a grelha que saiu, um pequeno ponto, uma unidade de cuidados intermédios pediátricos. Sobre isso, temos o firme compromisso que em 2026 vamos ter unidade de cuidados intermédios pediátricos”, referiu.

Rejeitando a palavra “desclassificação” e reiterando que “esta polémica não faz sentido nenhum”, Luís Matos avançou que “em 2026 haverá cuidados intermédios pediátricos” na ULSGE.

“Se é só por isso que estão a ponderar a hipótese de nós sermos IIA em vez de IIB, o assunto morre e morre hoje”, disse referindo-se ao ofício entretanto remetido à comissão.

Para o responsável, o que está em causa “não é uma desclassificação”.

“Não vamos perder absolutamente nada. Os nossos doentes não vão perder absolutamente nada. Aquilo que tem relevância é que uma criança que precise de cuidados desde Gaia até Santa Maria da Feira vai encontrar na ULSGE todos os cuidados necessários”, sublinhou.

No sábado, o grupo de vereadores socialistas encabeçado por João Paulo Correia emitiu um comunicado no qual referia que, “a concretizar-se a intenção do Ministério da Saúde, Vila Nova de Gaia perderá valências diferenciadas, o que causará um impacto negativo a milhares de utentes e famílias que serão forçadas a deslocar-se ao Porto para consultas e tratamentos que atualmente fazem na ULSGE”.

No domingo, Menezes desafiou a ministra da Saúde a esclarecer os autarcas, profissionais de saúde e cidadãos sobre quais os planos para a ULS Gaia/Espinho, opondo-se “duramente” à sua desvalorização.

“Quero aqui deixar um alerta à ministra da Saúde, a quem dou o benefício da dúvida de não ter a ver com os ‘lobbys’ poderosos que continuam a mandar nisto tudo: informe-se senhora ministra e se faz favor tranquilize de imediato os autarcas, os profissionais de saúde e os cidadãos destes grandes concelhos”, lê-se na publicação do presidente do município.

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