A ministra da Saúde disse hoje que “é um bom número” os quase 12 mil médicos que aderiram ao regime de dedicação plena no SNS, assumindo que são “mais do dobro” do que “há um ano e meio”.
Questionada sobre os recentes dados divulgados à agência Lusa que apontam para uma adesão voluntária de quase 11.867 médicos ao regime de dedicação plena no Serviço Nacional de Saúde (SNS), Ana Paula Martins referiu que é um “bom número” e um elemento “importante”.
“É muito importante ter este número já de médicos a optar pela dedicação plena [e] nós queremos que haja mais médicos. É mais do que o dobro daquilo que tínhamos há um ano e meio e acho que isso significa que estamos a olhar para o SNS como um projeto de vida”, disse.
A ministra falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, no âmbito de um périplo que está a realizar pelas unidades locais de saúde do país.
Segundo Ana Paula Martins, este sistema de captação de médicos representa um “maior compromisso com o SNS” e uma mais-valia para o seu desenvolvimento.
“Queremos que estes médicos que optam por ter este modelo tragam com eles novos projetos [e] novas ideias para termos novas formas de organizar o trabalho em equipa”, argumentou.
Passaram dois anos sobre a publicação do decreto-lei que estabeleceu o regime jurídico da dedicação plena no Serviço Nacional de Saúde, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2024.
Segundo a ACSS, a adesão ao regime de dedicação plena é transversal ao país e abrange todas as Unidades Locais de Saúde e institutos públicos. As maiores concentrações de adesões situam-se nas grandes ULS hospitalares e universitárias, bem como em regiões com maior densidade populacional e maior dimensão de serviços.
As instituições com mais médicos em dedicação plena são a ULS de Coimbra (772), a ULS de São João (722), no Porto, e ULS de São José (685), em Lisboa.
Na ULS de Santo António, no Porto, aderiram a este regime 648 médicos, na ULS de Braga, 511, na ULS de Gaia-Espinho, 505, na ULS de Santa Maria, 499, na ULS de Lisboa Ocidental, 446, ambas em Lisboa, e na ULS de Viseu Dão-Lafões, 419 especialistas.
A Administração Central do Sistema de Saúde sublinha que “as especialidades com maior número de médicos em dedicação plena refletem o peso relativo das áreas clínicas no SNS”.
Entre as especialidades, destacam-se a Medicina Geral e Familiar (4.397 médicos), Medicina Interna (1.182), Pediatria (696), Psiquiatria (434), Ortopedia (253) e Cardiologia (256).
Na Pneumologia, há 272 especialistas a trabalhar em dedicação plena, na Ginecologia/Obstetrícia, 244, na Anestesiologia, 244, na Saúde Pública, 237, na Oncologia Médica, 225, e na Neurologia, 220 especialistas.
O custo associado ao regime foi de 144 milhões de euros em 2024 e cerca de 170 milhões em 2025 até setembro, refere a ACSS, sublinhando que estes valores refletem “o investimento do Ministério da Saúde na valorização das carreiras médicas e melhoria das condições de trabalho no SNS”.
O regime de dedicação plena prevê um horário de 35 horas semanais com acréscimo de cinco horas, assim como o aumento do teto máximo de horas extra para 250 e o trabalho aos sábados para médicos que não façam urgências.
Em contrapartida, é garantido um suplemento correspondente a 25% do salário base.