A candidata presidencial e ex-coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou hoje a intenção de fazer um corte na despesa dos hospitais, mesmo que ponha em causa a prestação de cuidados de saúde, classificando a medida como “um caos”.
“Nós sabemos, por exemplo, que o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde foi reunir com os administradores hospitalares e dizer-lhes que é preciso fazer um corte nos custos, mesmo que isso ponha em causa a prestação de cuidados de saúde. Isto, para mim, é o caos. O orçamento deste Governo é o caos e o Governo pretende que se fale de tudo, menos daquilo que está a fazer com a vida das pessoas”, disse candidata depois de uma visita ao hospital Garcia de Orta, em Almada.
Catarina Martins aproveitou assim uma expressão utilizada na terça-feira pelo primeiro-ministro a propósito da aprovação da lei da nacionalidade, de que de que está a ser devolvida a ordem “perante o caos”, usando-a para comentar a situação na saúde.
A candidata presidencial referia-se a uma notícia do jornal Público de hoje de que a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), liderada por Álvaro Almeida, deu instrução aos hospitais para cortarem na despesa, mesmo que isso implique abrandar o ritmo crescente de cirurgias, consultas e outros cuidados de saúde.
O Público escreve que a instrução terá sido dada numa reunião com dirigentes das Unidades Locais de Saúde (ULS) poucos dias depois de o Governo ter entregado na Assembleia da República a proposta do Orçamento do Estado para 2026.
Catarina Martins adiantou que o que está a ser cortado no orçamento do Serviço Nacional de Saúde é o equivalente ao maior hospital português, como se de repente o Hospital Santa Maria saísse todo do Serviço Nacional de Saúde.
“Quando nós já temos tanta dificuldade no acesso à saúde, quando as pessoas já desesperam tanto para ter a consulta o que o Governo faz é criar, sistematicamente, distrações graves, porque está a criar problemas em vez de criar soluções, mas para que não se fale do que está a fazer ao país”, disse.
Caos, para a candidata presidencial, é cortar num Serviço Nacional de Saúde que já não tem o que é preciso para responder a toda a população.
“O Serviço Nacional de Saúde vai ter menos 10% para funcionar. Há aumentos com o custo pessoal porque, como nós todos sabemos, há atualizações que são normais. Mas o dinheiro que o Serviço Nacional vai ter para funcionar, que a saúde vai ter para funcionar, vai ser menor. Acresce que vai gastar menos com prestadores de serviço, e eu estaria muito de acordo com isso, se pudesse contratar mais, mas o que o Governo diz aos hospitais é para gastarem menos em prestadores de serviço sem precisar autorização para contratarem mais”, frisou.
Catarina Martins defende que o Serviço Nacional de Saúde precisa de mais meios e não de menos meios, e as pessoas precisam de mais acesso aos médicos, às consultas, às cirurgias e não de cortes.
As eleições presidenciais ainda não foram marcadas, mas deverão realizar-se em 18 de janeiro de 2026.