No Dia Mundial da Alimentação, que se assinala hoje, a diretora do PNPAS divulgou o Relatório Anual 2024, onde se conclui que Portugal dispõe de alimentos com menor teor de sal e de açúcar, quando comparado com outros países europeus.
A liderar o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS), desde 2019, Maria João Gregório mostra-se satisfeita com os resultados e as metas alcançadas pelo país, muito por causa “de anos de investimento em políticas regulatórias e fiscais”, mas revela que ainda não significa que toda a oferta alimentar no nosso país seja a mais adequada.
Apesar dos bons indicadores, o relatório da DGS indica ainda que no caso dos cereais de pequeno-almoço, iogurtes e produtos de charcutaria, o teor médio de sal e açúcar continua acima da média europeia. Na análise, ressalta que as medidas de carácter regulatório, como impostos, se revelam mais efetivas (−25,7%) do que os acordos voluntários, (−14,8%) com a indústria alimentar, pelo que se pode concluir que continua a ser necessário investir na reformulação dos produtos alimentares. A docente da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto lembra que tem sido feito um grande esforço no sentido de implementar “políticas fiscais”, como seja o imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas, responsável entre 2017 e 2024, por uma redução de 39% nas bebidas com maior teor de açúcar (≥8g/100mL), como os refrigerantes, por exemplo. Para o país alcançar metas ainda mais animadoras, a responsável da DGS insiste que “é crucial envolver todos, porque este é um caminho que não se faz sozinho, precisamos de todos”.
Sem dados sobre os hábitos alimentares dos portugueses, desde 2015, a Diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS adianta que está já a preparar “um novo inquérito nacional para conseguirmos perceber, com exatidão, de que forma se andam a alimentar os portugueses”. Se uma observação empírica dos comportamentos é percetível que os hábitos alimentares sofreram alterações, sobretudo, com a pandemia de COVID-19, “torna-se imperativo que se consiga entender de forma clara, qual é a realidade atual do país”, sublinha. A especialista em nutrição defende, por isso, a implementação de sistemas de monitorização da prática alimentar dos portugueses, de forma permanente, como instrumento de trabalho, mas sobretudo de promoção de maior saúde pública. A ideia tem sido defendida pela União Europeia e precisa de ser concretizada, o mais brevemente possível, em Portugal.
Pela primeira vez, o Relatório Anual 2024 do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS), incluiu dados relativos à resposta dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), na área da nutrição. O documento indica que, em 2024, realizaram-se quase 137 mil consultas de nutrição nos CSP, o que representa um aumento de 30% face a 2022. A identificação de pessoas com pré-obesidade e obesidade, de forma mais precoce, permite inverter o aparecimento de doenças crónicas a longo prazo.