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Projeto ibérico tem 2,5 ME para tornar setor da saúde menos poluente

Lusa
23-09-2025 13:07h

Um projeto transfronteiriço intitulado Green Hospitals dispõe de 2,5 milhões de euros e junta hospitais portugueses e espanhóis para implementar soluções que tornem o setor da saúde mais sustentável e menos poluente.

“O setor da saúde estima-se que seja responsável por cerca de 5 a 6% das emissões de gases poluentes. Diria que é uma das indústrias que mais contribui para as alterações climáticas e, por isso, os hospitais, os centros de saúde, a prestação de cuidados de saúde em geral tem de ter práticas mais sustentáveis”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto.

O projeto Green Hospitals – hospitais mais verdes – insere-se na premissa de que “os hospitais têm de transformar a forma como trabalham”.

“E nesta grande ideia estão unidos os hospitais portugueses e espanhóis”, afirmou Xavier Barreto, acrescentando que primeiro foi feito um diagnóstico e depois implementadas tecnologias inovadoras que contribuam para uma maior sustentabilidade.

O valor total do projeto é de 2,5 milhões de euros e conta com financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027.

O consórcio agrega entidades portuguesas como a APAH, as unidades locais de saúde (ULS) de Trás-os-Montes e Alto Douro, Coimbra e Algarve e a Rede Nacional de Agências de Energia (RNAE) e as espanholas Agência de Energia de Castilla e Leão (EREN) e a Agência de Saúde da Galiza (SERGAS).

Os parceiros reúnem-se na quinta-feira, na ULSTMAD, em Vila Real, num encontro subordinado ao tema "Melhorias na sustentabilidade hospitalar para um amanhã mais saudável" e em que se fará um ponto de situação do projeto.

O objetivo é que os hospitais se tornem mais sustentáveis sem comprometer a qualidade dos cuidados de saúde e as soluções passam pela eficiência energética, através da implementação de centrais de cogeração ou painéis solares, pela substituição de janelas e melhoria do isolamento das instalações.

Passam também pela poupança no consumo de água e pela produção de resíduos, estando em discussão o uso de material descartável, que é muito comum nos hospitais e contribui também para a poluição ambiental.

Por isso, segundo Xavier Barreto, há hospitais que estão a substituir batas descartáveis por fardas que podem ser laváveis, “tendo sempre em atenção os riscos de infeção hospitalar”.

“Mas há uma série de mudanças que nós podemos fazer para produzir menos resíduos e, naturalmente, tendo que produzir resíduos ter cuidado na forma como os triamos e os tratamos depois do seu uso”, acrescentou.

A ULSTMAD tem sede no hospital de Vila Real e agrega ainda os hospitais de Chaves e Lamego e 23 centros de saúde.

O presidente do conselho de administração, Ivo Oliveira, salientou a aposta que esta ULS tem feito na eficiência energética e referiu que o Green Hospitals é um projeto que se junta a um investimento de mais de cinco milhões de euros que está em curso no centro oncológico, em Vila Real, e no hospital de Chaves.

“Isso permitirá depois uma melhoria, uma redução de consumos, maior eficiência e uma poupança ao longo dos anos para a nossa instituição, quer financeira quer ambiental”, realçou.

No âmbito do projeto ibérico, a ULSTMAD dispôs de cerca de 300 mil euros que aplicou na instalação de uma unidade de arrefecimento de água e ar e numa rede de monitorização.

Xavier Barreto concluiu que os “hospitais são dos setores que mais contribuem para as alterações climáticas, mas também são um dos setores que mais sofre com as alterações climáticas por conta dos efeitos dessas alterações no estado de saúde das pessoas”.

“Tudo isto cria uma responsabilidade maior no sentido de trabalharmos para sermos mais eficientes e mais sustentáveis em termos ambientais”, frisou.

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