A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) advertiu hoje que as tarifas sobre os fármacos são “um instrumento ineficaz” que perturbará as cadeias de abastecimento e afetará o investimento em investigação e o acesso dos doentes aos medicamentos.
O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, alcançado no domingo, fixa em 15% as tarifas aduaneiras norte-americanas sobre os produtos europeus.
Questionada pela agência Lusa sobre os impactos das tarifas nos medicamentos, a Apifarma adiantou que a Federação Europeia das Associações e de Indústrias Farmacêuticas (EFPIA) emitiu uma declaração em que diz que “continua a analisar os anúncios sobre o acordo comercial entre a UE e os EUA, uma vez que as principais implicações para o setor farmacêutico permanecem incertas”.
Contudo, para a associação portuguesa, “as tarifas sobre os medicamentos são um instrumento ineficaz que perturbará as cadeias de abastecimento, afetará o investimento em investigação e desenvolvimento e, em última análise, prejudicará o acesso dos doentes aos medicamentos em ambos os lados do Atlântico”.
“Se a intenção é garantir o investimento farmacêutico em investigação, desenvolvimento e fabrico, reequilibrar o comércio e assegurar uma distribuição mais justa do financiamento da inovação farmacêutica a nível mundial, existem meios mais eficazes do que as tarifas que ajudariam, em vez de prejudicar, os progressos globais nos cuidados aos doentes e no crescimento económico”, defende a Apifarma numa resposta escrita à Lusa.
Numa perspetiva europeia, sublinha, isso significa repensar a forma como se valoriza a inovação, “aumentando significativamente o que a região gasta em medicamentos inovadores e criando um ambiente operacional que possa acelerar a transformação da excelente ciência europeia em novos tratamentos”.
A Apifarma diz ainda estar alinhada com o posicionamento da EFPIA e continuará a acompanhar o evoluir da situação.
O acordo comercial entre a UE e os Estados Unidos prevê que as tarifas de 15% sobre produtos da UE sejam aplicados "à maior parte dos setores, como automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos", precisou no domingo a chefe do Executivo comunitário, Úrsula Von der Leyen.
Donald Trump afirmara antes que os produtos farmacêuticos estavam excluídos da negociação, mas um ‘fact check’ divulgado na segunda-feira pela Casa Branca confirmava: “A União Europeia pagará aos Estados Unidos uma tarifa de 15%, incluindo sobre automóveis e componentes auto, produtos farmacêuticos e semicondutores”.
Na terça-feira, a UE explicou que o acordo, que ainda é preliminar e tem detalhes pendentes, deverá isentar setores estratégicos como semicondutores, componentes aeroespaciais e alguns produtos farmacêuticos.
Os EUA e os países da UE trocam diariamente cerca de 4,4 mil milhões de euros em bens e serviços.