O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) advertiu hoje que ignorar o alerta da equipa da urgência geral do Hospital Amadora-Sintra para o risco de rutura iminente do serviço seria “um erro grave, com consequências que podem tornar-se irreversíveis”.
O SIM refere em comunicado que teve conhecimento da carta aberta da equipa dedicada do Serviço de Urgência Geral (SUG) da Unidade Local de Saúde de Amadora/Sintra (ULSASI), dirigida à administração, na qual os médicos expressam uma profunda preocupação com o rumo atual do serviço e alertam para riscos sérios de desestruturação.
“Este documento descreve um cenário preocupante de degradação progressiva da capacidade assistencial, perda de motivação e intenção manifesta de abandono por parte de médicos altamente diferenciados, numa equipa que é crucial para a resposta da ULSASI”, salienta o sindicato.
Entre as críticas manifestadas pelos médicos na carta, o SIM destaca “a ausência de planeamento, a mobilização forçada de recursos sem diálogo e a acumulação de funções (reanimação, urgência interna e urgência externa) que tem levado a situações incompatíveis com a segurança dos doentes”.
O sindicato sublinha que este alerta não é apenas sobre as condições de trabalho, “mas sobretudo um testemunho de dedicação profissional e de preocupação com a qualidade dos cuidados prestados à população”.
Defende que deve ser dada “uma resposta célere e consequente aos problemas identificados”, alertando que “ignorar este sinal de alerta seria um erro grave, com consequências que podem tornar-se irreversíveis”.
Para o SIM, “a desorganização dos horários, a rotatividade excessiva, a descontinuidade assistencial e a ausência de condições formativas compatíveis com a exigência dos serviços são sinais claros de que está em risco a resposta da urgência médica na ULSASI”.
Alerta que a criação de novas unidades não pode ser feita à custa do esvaziamento técnico e humano de outras e que a ausência de documentos fundamentais que enquadrem a atividade clínica prevista para o novo Hospital de Sintra, como é alertado na carta “não é, de facto, uma boa notícia”.
“A resposta às necessidades da população exige responsabilidade, diálogo e visão estratégica”.
O SIM reconhece “as dificuldades herdadas e os contratempos inesperados” que a ULS Amadora-Sintra tem sofrido no último ano, mas manifesta “total solidariedade” com os profissionais do Serviço de Urgência Geral.
Na carta, subscrita por 19 médicos e a que a agência Lusa teve acesso, os especialistas alertam para a perda de capacitação e o risco de rutura iminente do serviço caso o atual rumo não seja revertido.
“Perturba-nos profundamente a perda de capacitação do Serviço que integramos, o risco de regressão para tempos passados — com menos recursos humanos, menor diferenciação técnica e pior qualidade assistencial”, alertam.
Avisam que esse cenário se tornará “inevitável caso nada seja corrigido” e lamentam que vários colegas já tenham manifestado a intenção de abandonar a ULS.
“Não ignorem os sinais claros de rutura iminente no SUG, nem a desmotivação crescente e o desgaste dos elementos que continuam, com esforço e dedicação, a sustentar um dos serviços mais fustigados e desafiantes a nível nacional”, lê-se na missiva dirigida ao conselho de administração e responsáveis clínicos da ULS Amadora-Sintra.