Uma subcomissão da Câmara de Representantes norte-americana vai intimar o Departamento de Justiça a apresentar os ficheiros da investigação de tráfico sexual envolvendo Jeffrey Epstein, após votar hoje uma moção com apoio de congressistas democratas e republicanos.
Os democratas da subcomissão do poderoso Comité de Supervisão da Câmara apresentaram uma moção para a intimação hoje, poucas horas antes do início das férias de cinco semanas dos congressistas, antecipadas pelo presidente da câmara baixa do Congresso, Mike Johnson, para bloquear tentativas de pressão sobre o executivo relacionadas com o caso Epstein.
Três republicanos do painel votaram com os democratas a favor da intimação, que foi aprovada por 8 votos contra 2.
O presidente da subcomissão, o congressista republicano Clay Higgins, adiantou que o trabalho de redação da intimação está a começar e que levaria algum tempo para que ambos os lados elaborassem a redação final.
"Se o Partido Republicano, se os nossos colegas neste comité não se juntarem a nós nesta votação, então o que estão essencialmente a fazer é juntar-se em cumplicidade ao Presidente Donald Trump", disse aos jornalistas Summer Lee, congressista democrata da Pensilvânia, que apresentou a moção para a intimação.
Enquanto os democratas procuram obrigar os republicanos a agir em relação aos ficheiros de Epstein, o presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson, reiterou hoje a sua oposição a qualquer iniciativa legislativa sobre o caso de Epstein.
O caso está a causar tensões entre a Casa Branca e congressistas republicanos que estão eles próprios sob pressão da sua base de apoiantes, que os acusam de encobrimento do caso.
O republicano Thomas Massie apresentou uma resolução exigindo divulgação de documentos sobre o caso, mas que não será votada por oposição de Johnson, que afirma tratar-se de uma "farsa política" promovida pelos democratas e que a divulgação de informação em bruto colocaria em risco as vítimas dos crimes atribuídos a Epstein.
Johnson negou hoje à imprensa qualquer tentativa de encobrir o caso e denunciou uma oposição democrata "sem vergonha" que, segundo ele, quer "explorar esta questão", quando poderia ter publicado estes documentos enquanto esteve no poder nos últimos quatro anos.
Thomas Massie conta com o apoio da oposição democrata, que vê no caso uma forma de embaraçar ainda mais Donald Trump, que manteve relações próximas com Epstein durante muitos anos.
A crise inesperada entre os membros do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Tornar a América Grande de Novo") de Trump eclodiu depois de o FBI e o Departamento de Justiça terem concluído, na sequência de uma investigação, que o empresário afinal não tinha uma "lista de clientes famosos" para chantagear e confirmaram que a morte, em 2019, foi um suicídio.
A alegada lista de clientes de Epstein, com celebridades e políticos influentes, tem sido o foco de várias teorias da conspiração entre apoiantes MAGA.
O DOJ solicitou na sexta-feira a um tribunal federal a divulgação das transcrições do júri no caso de Jeffrey Epstein, financeiro acusado de tráfico sexual num processo de que os apoiantes do Presidente exigem mais informação.
O vice-procurador-geral Todd Blanche apresentou uma moção instando o tribunal a divulgar as transcrições do grande júri do caso, um dia depois de o Presidente Donald Trump ter instruído o DOJ a fazê-lo.
Hoje, um tribunal da Florida recusou o pedido em relação ao antigo processo de Epstein naquele estado.
Em Washington, a Casa Branca prosseguiu hoje esforços para, pelo segundo dia, tentar desviar as atenções do caso Epstein, convocando para uma aparição surpresa na sala de imprensa a diretora nacional de inteligência, Tulsi Gabbard, que lançou suspeitas sobre os inimigos políticos do Presidente Donald Trump.
Aumentando as suas tentativas de minar a conclusão há muito consolidada de que a Rússia tentou ajudar Trump a derrotar Hillary Clinton na corrida presidencial há quase uma década, Gabbard apresentou o que chamou de prova inabalável de que o então presidente Barack Obama e os seus conselheiros planearam nada menos do que um golpe.
"Conspiraram para subverter a vontade do povo norte-americano", disse Gabbard, alegando que os democratas fabricaram provas para manchar a vitória de Trump.
As funções de Gabbard incluem proteger os segredos dos Estados Unidos e identificar ameaças vindas do estrangeiro, e não investigações domésticas.
O Wall Street Journal (WSJ) noticiou hoje que Trump foi informado em maio por funcionários do Departamento de Justiça que o seu nome aparece "várias vezes" nos arquivos do caso Epstein.
Citando altos funcionários do executivo republicano, o WSJ afirma que a procuradora-geral Pam Bondi e o seu vice, Todd Blanche, informaram o Presidente que o seu nome aparecia nos documentos, juntamente com o de outros notáveis.