O presidente do Chega desafiou hoje o primeiro-ministro a levar ao debate do estado da nação um plano para resolver os constrangimentos na saúde nos próximos seis meses, considerando que esta área “não está a andar bem”.
"Eu desafiava o primeiro-ministro a concentrar-se no estado da saúde e a apresentar ao parlamento um plano para nos dizer como é que nos próximos seis meses a saúde vai funcionar. Seis meses, não é daqui a um ano, a dois, a três, a quatro, é em seis meses, portanto, abrangendo o verão e o final deste ano, o que é que vai melhorar na saúde, como é que vai resolver questões como as urgências encerradas", afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas antes de uma reunião com a administração do Hospital Amadora-Sintra, acompanhado pelos candidatos do partido às câmaras da Amadora, o deputado Rui Paulo Sousa, e de Sintra, a deputada Rita Matias.
O líder do Chega considerou que "a saúde não está a andar bem" e questionou "o que é que o Governo quer fazer para que a Saúde não piore".
"Só o primeiro-ministro, com uns óculos cor-de-rosa, ou neste caso cor de laranja, é que pode ver o país melhor na Saúde, qualquer pessoa percebe que a Saúde não está melhor, qualquer profissional de saúde percebe que a saúde não está melhor", criticou, considerando que “já é difícil acreditar em qualquer coisa que o Governo diga na área da Saúde, sinceramente é muito difícil, porque nada muda, nem planos de emergência, nem planos extraordinários, nem nada”.
“Se não resolver, então deixamos a nós resolver e levaremos nós o plano ao parlamento para ser aprovado, provavelmente com os votos de outros partidos que não o do Governo, mas eu acho que isso não era o desejável quando é o Governo que está a governar”, afirmou.
Ventura considerou também que se tem assistido “um rol de muitas” demissões em vários hospitais e defendeu a nomeação de “pessoas independentes” para esses cargos, além de “um levantamento nacional das carências da Saúde”, insistindo também na necessidade de uma auditoria aos serviços de saúde.
Pediu também ao primeiro-ministro que não vá para o debate do estado da nação, na quinta-feira, “fazer propaganda” ou atirar a resolução dos problemas para daqui a “dois anos ou a três ou a quatro”, considerando que Portugal tem “problemas estruturais graves este ano nas urgências e no acesso a consultas”.
Sobre a reunião com o Hospital Amadora-Sintra, o líder do Chega disse que o objetivo era perceber “que condições têm sido dadas pelo Governo” para uma unidade que serve várias centenas de milhares de pessoas “funcionar, numa altura em que o país vai entrar num período difícil e os hospitais continuam num desastre completo”.
Questionado sobre o novo Hospital de Sintra, inaugurado na segunda-feira, o presidente do Chega disse que “na verdade é uma espécie de centro de saúde alargado, é uma espécie de remendo” e defendeu que são necessárias “soluções estruturais”.
Além da “reforma da saúde”, André Ventura gostava que o Governo abordasse também no debate do estado da nação, na quinta-feira, a reforma da Justiça, imigração e nacionalidade, ou explicasse “como vai concretizar” a descida de IRS acordada com o Chega para o Orçamento do Estado do próximo ano.