O presidente da Câmara Municipal do Barreiro afirmou hoje que o encerramento das urgências de obstetrícia na Península de Setúbal vai continuar se não houver alterações estruturais para reter os profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Se não se fizerem alterações estruturais que passam pela capacidade de valorização de carreiras e retenção dos profissionais de saúde, os problemas vão sempre agudizar-se quando chegamos a estas alturas de férias”, disse Frederico Rosa (PS).
O autarca, que falava à agência Lusa na sequência do encerramento por dez dias da urgência de obstetrícia do Hospital do Barreiro, de acordo com uma informação enviada pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às corporações de bombeiros, considerou ainda tratar-se de um problema que urge resolver numa região em crescimento, como é a Península de Setúbal.
“Estes territórios da Península de Setúbal, nomeadamente estes territórios que são servidos pela Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho - Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete -, estão a crescer em população. Por isso, este problema agudiza-se todos os anos com as férias dos profissionais. Estamos a falar num movimento oposto [cada vez menos médicos] face a uma população crescente, a ter necessidades de cuidados, a ter necessidade de serviço, a ter necessidade de urgência de obstetrícia”, frisou o autarca barreirense.
“Vou voltar a repetir aquilo que disse há um ano, dois anos, e há mais até, com governos do PS e com os governos do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Todos percebemos que é preciso previsibilidade do sistema. E é preciso as pessoas saberem para onde se podem dirigir e para onde é que vão receber cuidados de saúde”, acrescentou o autarca socialista da Câmara Municipal do Barreiro.
Quanto a uma eventual concentração futura do serviço de urgência de obstetrícia numa única unidade hospitalar da Península de Setúbal, eventualmente no Hospital Garcia de Orta, em Almada, Frederico Rosa afirma-se convicto de que não se trata de uma boa solução para o problema.
“Penso que [a concentração da urgência de obstetrícia] não é solução. Não sou especialista de saúde, mas penso que é um erro. Estamos a falar de uma zona do país, da Península de Setúbal, que é alvo de grandes investimentos por parte do Estado, como a Terceira Travessia do Tejo e o futuro aeroporto. A população já está a crescer e vai crescer ainda mais com estes investimentos, disse, reiterando a necessidade de valorizar e reter os profissionais de saúde no SNS.
“Acho que não há outro caminho, porque nós temos cada vez mais pessoas nestes territórios. E é muito importante dar previsibilidade ao sistema”, sublinhou o autarca.
Consciente de que não há soluções fáceis para resolver o problema de imediato, Frederico Rosa salienta, no entanto, que tem havido disponibilidade das autarquias para colaborarem com o governo, designadamente na construção de novos centros de saúde, bem como para cativar médicos e outros profissionais de saúde, ao mesmo tempo que admite outras formas, não especificadas, de colaboração das autarquias com o governo na área da saúde.
“Haverá, com certeza, outras formas de podermos colaborar. Mas há uma coisa de que temos a certeza: se não se fizer nada, nós vamos ter aqui na região cada vez mais pessoas e vamos ter cada vez menos serviço”, concluiu o presidente da Câmara do Barreiro.