O médico moçambicano Ilesh Jani foi eleito presidente da rede global para o controlo da cólera, anunciou hoje o Instituto Nacional de Saúde (INS) em comunicado.
Investigador do INS, Ilesh Jani vai exercer as funções de presidente do Global Task Force for Cholera Control, uma rede que envolve mais de 50 instituições, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (África CDC), entre outras, que lutam para travar a cólera no mundo.
No comunicado do INS indica-se que a rede serve como uma plataforma de apoio aos países na concretização das diretrizes para o controlo e eliminação da cólera, para além de providenciar apoio técnico-científico aos países, incluindo o desenvolvimento de planos nacionais e mobilização de recursos.
Ilesh Jani vai cumprir quatro anos de mandato na liderança do Global Task Force for Cholera Control.
Investigador do INS desde 1998, é médico e doutor em Imunologia. Além de vice-ministro da Saúde de Moçambique, já foi também diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde.
Além do seu compromisso com a saúde pública em Moçambique, acrescenta o INS, Jani tem prestado um "grande contributo" para a saúde internacional como membro ou presidente de diversas comissões técnico-científicas a nível global.
Em 29 de maio, a agência de saúde pública da União Africana (UA) manifestou-se "muito preocupada" com a epidemia de cólera no continente, cujos casos dispararam em 2025, o que torna necessária uma "resposta continental".
"A situação de cólera é muito preocupante (...) devido à sua rápida propagação", disse, numa conferência de imprensa 'online', o epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do Gabinete Executivo dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África).
Este ano, o continente já registou 127.409 casos de cólera e 2.597 mortes em 20 países, de acordo com a agência, o que se traduz numa taxa de mortalidade de 2%.
Os países afetados são Angola, Burundi, Comores, República Democrática do Congo (RDCongo), Etiópia, Gana, Quénia, Malaui, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Ruanda, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
No entanto, apenas quatro Estados — RDCongo, Angola, Sudão e Sudão do Sul — concentram 83% das infeções e 92% das mortes pela doença.
A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria 'Vibrio cholerae' e está associada principalmente a saneamento deficiente e acesso limitado a água potável.
Pode causar diarreia aquosa aguda grave e, nos casos mais severos, mortalidade, uma vez que a velocidade de propagação depende dos níveis de exposição, da vulnerabilidade da população e das condições ambientais.
Embora seja uma doença tratável que afeta tanto crianças como adultos, pode ser letal se não for tratada a tempo.