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Novo surto de cólera em Moçambique soma 336 casos e dois mortos desde setembro

LUSA
04-11-2025 06:21h

O número de casos no novo surto de cólera no norte de Moçambique subiu para 366, com dois óbitos, desde setembro, segundo dados do Ministério da Saúde.

De acordo com o último boletim diário da doença, da Direção Nacional de Saúde Pública, com dados de 03 de setembro a 02 de novembro, a província de Nampula, no norte do país, registou nas 24 horas anteriores 12 casos da doença, elevando o cumulativo do país para 336.

Dos casos confirmados da doença desde setembro, 194 registaram-se em Tete e 172 em Nampula, incluindo 176 que levaram ao internamento e dois óbitos nestas províncias.

No surto anterior, com dados da Direção Nacional de Saúde Pública de 17 de outubro de 2024 a 20 de julho passado, registaram-se 4.420 infetados, dos quais 3.590 na província de Nampula, e um total de pelo menos 64 mortos devido à doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai doar 3,5 milhões de doses da vacina contra a cólera a Moçambique, anunciou em 22 de outubro o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, após uma visita à Suíça.

“Fomos informados sobre a aprovação de cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas contra a cólera para o nosso país”, disse na altura Chapo, na conferência de imprensa que marcou o fim de uma visita de três dias a Genebra, em que se reuniu também com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.

Segundo o chefe de Estado, esta doação será usada para iniciar a implementação do Plano de Eliminação da Cólera (PEC), aprovado em setembro pelo Conselho de Ministros e prevendo, como pilares cruciais, a implementação da vacinação preventiva contra a cólera em zonas de alto risco.

“Com este apoio da OMS nós iremos iniciar em breve ações neste sentido. Como é de conhecimento geral, a cólera ainda é um problema de saúde pública ao nível do nosso país”, disse Daniel Chapo, sublinhando que a doação destas doses de vacina vai permitir às autoridades moçambicanas trabalhar para a erradicação da doença.

O Governo de Moçambique quer eliminar a cólera “como um problema de saúde pública” no país até 2030, conforme plano aprovado em 16 de setembro em Conselho de Ministros, avaliado em 31 mil milhões de meticais (418,5 milhões de euros).

“O plano de eliminação da cólera representa o compromisso do Governo para eliminar a doença como um problema de saúde pública, através de uma abordagem integrada e multissetorial”, disse o porta-voz daquele órgão, Inocêncio Impissa, após a reunião do Conselho de Ministros, em Maputo.

Na reunião foi aprovado o PEC, doença que no atual surto, desde outubro de 2024, já provocou pelo menos 64 mortos no país.

“A cólera continua endémica em várias regiões de Moçambique e do mundo, causando surtos recorrentes. A doença é multifatorial e o seu controlo e eliminação exige ações sobre os principais determinantes da doença”, acrescentou Impissa.

É objetivo do Governo "ter um Moçambique livre da cólera como um problema de saúde pública até 2030, onde as comunidades têm acesso à água segura, saneamento e cuidados de saúde de qualidade, alcançados através de ações multissetoriais, coordenadas e informadas por evidências científicas”, disse ainda o porta-voz.

Segundo Impissa, este plano “será financiado por diferentes fontes, com destaque para o orçamento do Estado, de parceiros de cooperação bilateral e multilateral, parcerias público-privadas e organizações filantrópicas”.

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