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Governo pede diálogo com médicos do Hospital Central de Maputo para travar greve

LUSA
27-05-2025 11:59h

O Governo moçambicano avisou hoje que ninguém ganha com a greve e pediu diálogo aos médicos do Hospital Central de Maputo (HCM), o maior do país, que ameaçam paralisar o trabalho extraordinário a partir de 01 de junho.

"Tem sido repetitivamente dito da nossa parte que a única alternativa que temos é de continuar a conversar. Não existe uma medida mágica para paralisar qualquer que seja a intenção de manifestar-se, seja por um direito, seja por qualquer outra razão, sobretudo num contexto de limitação de recursos, quando sabemos que a solução passa necessariamente por disponibilizar esses recursos”, declarou o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, ao fim de uma sessão do órgão, realizada hoje em Xai-Xai, província de Gaza.

Em causa está a falta de pagamento das horas extraordinárias à classe, que se estende por 13 meses, dizem os médicos, tendo avisado, através de uma carta dirigida ao diretor do HCM, que vão paralisar o trabalho extraordinário a partir de 01 de junho, além dos feriados e fins de semana, até que a dívida seja liquidada. 

“O mais importante é conversarmos e definirmos prioridades, definirmos alternativas, mecanismos de se chegar a uma abordagem mais humanizada das questões (…). Quando se faz a greve, nem os funcionários ganham, nem o Governo ganha e muito menos o cidadão que deve ser servido por esses profissionais”, disse o porta-voz do Governo em declarações aos jornalistas.

A última paralisação dos médicos daquele hospital aconteceu entre maio e julho do ano passado, tendo culminado, na altura, com acordos entre a classe e a direção do hospital, que, no entanto, não foram cumpridos, acusam os clínicos na carta em que ameaçam com nova paralisação.

“Após inúmeras reuniões, o que se verifica é que não está sendo feito o pagamento da forma previamente acordada, existindo ainda dívidas de 2024 (janeiro a abril e agosto a dezembro) e os cinco meses de 2025", explicam os médicos na carta divulgada.

O ministro da Saúde de Moçambique apelou em 12 de maio ao diálogo para travar greves no setor da saúde, referindo que o executivo está a trabalhar para assegurar melhores condições de trabalho aos enfermeiros e outros profissionais da saúde.

“Há muitos problemas que já foram ultrapassados e estamos a ultrapassar, principalmente com o diálogo. (...) Estou ciente de que há desafios no setor, não nego isto, mas em conjunto vamos ultrapassar. Estamos a buscar consensos dentro do setor para resolver o problema da classe”, declarou Ussene Isse.

O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

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