Angola vai beneficiar de um financiamento de um milhão de euros da União Europeia, para apoiar ações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no combate à cólera, foi hoje anunciado.
De acordo com uma nota da OMS, “num esforço decisivo para conter a propagação do surto de cólera em Angola”, a UE assinou com a Unicef um memorando de entendimento que marca o lançamento formal desta iniciativa de apoio ao Governo de Angola.
Os últimos dados do Ministério da Saúde de Angola, de 20 de maio, sobre a situação da cólera no país indicam um total cumulativo, desde janeiro deste ano, de 641 mortes e 21.513 casos, espalhados por 18 das 21 províncias do país.
O projeto denomina-se “Travar a Propagação: Acelerar as Intervenções contra a Cólera que Salvam Vidas em Angola” e inclui intervenções cruciais nos domínios da saúde, da água, saneamento e higiene.
Esta iniciativa conjunta visa reduzir a mortalidade relacionada com a cólera em 75% nas províncias mais afetadas, nos próximos quatro meses, através de ações de emergência dirigidas a mais de 500 mil pessoas em todo o país, com especial incidência nas crianças, idosos e pessoas com deficiência.
O representante da OMS em Angola, Indrajit Hazarika, citado na nota, realçou "a preocupação significativa" desta epidemia, em termos de saúde pública.
“A nossa parceria com o Unicef e o Governo de Angola é fundamental para garantir que as intervenções que salvam vidas cheguem aos mais necessitados, especialmente às comunidades carenciadas e de alto risco”, referiu.
Segundo o responsável, a colaboração da OMS e Unicef com as autoridades nacionais e provinciais tem sido fundamental para a resposta ao surto de cólera desde o início da epidemia em janeiro, através do reforço das capacidades dos profissionais de saúde, da distribuição de soluções de tratamento de água, da implementação de medidas de saneamento básico, da mobilização e engajamento das comunidades e da realização de campanhas de vacinação.
Antero de Pina, representante do Unicef em Angola, igualmente citado na nota, observou que o acordo e o financiamento da União Europeia “refletem o compromisso comum de proteger os mais vulneráveis, particularmente as crianças”.
“Ao combinarmos os nossos pontos fortes em áreas chave como saúde, abastecimento ou melhoria da qualidade da água e das condições de saneamento, pretendemos reduzir as mortes evitáveis e criar resiliência nas comunidades”, vincou.
O plano de ação conjunto integra iniciativas que incluem estabelecimento de pontos de reidratação oral e de centros de tratamento da cólera, formação de profissionais de saúde e de voluntários comunitários, expansão do processo de cloração da água e da promoção da higiene nas zonas afetadas, reforço da capacidade de vigilância e diagnóstico das doenças.
Contempla ainda apoio à implementação de uma campanha de vacinação reativa contra a cólera e o envolvimento das comunidades, com voluntários a facilitar diálogos sobre comportamentos de proteção e a distribuição de kits de prevenção da cólera às famílias.
“O acordo ora assinado está alinhado com o Plano Nacional de Prevenção e Controlo da Cólera de Angola e afigura-se como um investimento crucial na futura segurança sanitária do país”, sublinha-se na nota.