Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças em África (África CDC) e a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, estabeleceram uma nova parceria para fortalecer sistemas de saúde no continente africano, anunciou hoje a organização africana.
"Esta parceria representa o compromisso do África CDC com colaborações orientadas para a ação, que gerem resultados reais para a segurança sanitária da África", afirmou o diretor-geral do África CDC, Jean Kaseya, acrescentando que a parceria com a Fiocruz, a maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina vinculada ao Ministério da Saúde brasileiro, “abre uma nova dimensão de cooperação Sul-Sul construída com base em prioridades mútuas e especialização compartilhada”.
O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, disse que o acordo firmado "reflete a vocação da Fiocruz para o estabelecimento de cooperação estrutural, central [...] ao processo de internacionalização", adiantando que reafirma-se o compromisso de ambas as organizações trabalharem juntas "para fortalecer os sistemas de saúde, promovendo a soberania dos países do Sul Global para que estejam mais bem preparados para enfrentar emergências sanitárias".
O memorando de entendimento assinado em Genebra, na Suíça, define "esforços conjuntos para fortalecer Institutos Nacionais de Saúde Pública, expandir a pesquisa transnacional e a vigilância [...], impulsionar a produção local de produtos essenciais para a saúde e fortalece a pesquisa, o conhecimento, a gestão e a tradução de políticas", esclarece a agência.
Este acordo vem apoiar "o desenvolvimento da legislação em saúde pública e a preparação jurídica, em consonância com a Nova Ordem de Saúde Pública e o Plano Estratégico 2023-2027 do África CDC".
A parceria vai aprofundar o intercâmbio de conhecimento em financiamento da saúde, desenvolvimento social e fortalecimento de sistemas de saúde pública resilientes nos Estados-membros da União Africana (UA).
Embora o memorando de entendimento não envolva compromissos financeiros imediatos, ambas as partes vão mobilizar recursos e colaborar com parceiros técnicos para impulsionar a agenda.
Atualmente, o continente africano produz apenas cerca de 1% das vacinas que consome, sendo que o África CDC está a trabalhar para acelerar a produção através de projetoscomo a Plataforma para o Fabrico Harmonizado de Produtos de Saúdes Africanos (PHAHM, na sigla em inglês).
Em 2024, 25 projetos de produção de vacinas estavam em desenvolvimento, com a expetativa de que oito antígenos recebessem a pré-qualificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e chegassem ao mercado até 2030.
A África CDC declarou que até 2030 "o impacto combinado entre choques sanitários e económicos poderá levar milhões de pessoas à pobreza, ameaçando a estabilidade de África".