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Ordem dos fisioterapeutas defende criação de unidades de fisioterapia no SNS

LUSA
05-05-2025 16:23h

O bastonário da ordem dos fisioterapeutas defendeu hoje a criação de unidades de fisioterapia no Serviço Nacional de Saúde para evitar os longos períodos que os utentes ficam sem acompanhamento após uma cirurgia.

“É mais rentável fazer fisioterapia dias após a cirurgia do que dois ou três meses depois”, indicou o bastonário António Lopes, em entrevista à agência Lusa, a propósito do "XII Congresso Nacional dos Fisioterapeutas", que vai realizar-se nos dias 8 e 9 de maio.

O dirigente apontou que é frequente, depois de uma cirurgia, o utente não ter acesso a fisioterapia e só obter cuidados três meses depois, no setor privado.

“Nessa altura, já se instalaram sequelas e já não é possível ultrapassar”, referiu o bastonário, lamentando que assim se gaste dinheiro sem que se vejam resultados.

O dirigente referiu que a ordem não está contra o setor privado, mas sublinhou que é importante existirem unidades de fisioterapia no SNS, para que seja possível responder às necessidades dos utentes de forma mais imediata.

António Lopes apontou que é necessária a inclusão dos fisioterapeutas nas equipas de cuidados de saúde primários.

"Na Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve existem 30 fisioterapeutas nos cuidados de saúde primários, mas há outras ULS que não têm nenhum ou têm poucos", indicou.

Questionado sobre qual o número de fisioterapeutas que com que o SNS deveria contar, o bastonário disse que devia ser a maioria dos profissionais inscritos na ordem, que são 13.406, dos quais apenas 1.500 trabalham no SNS.

António Lopes sublinhou que o número de fisioterapeutas no SNS é inferior à média da União Europeia: segundo o Eurostat, a UE tem 137.000 fisioterapeutas por 100.000 habitantes enquanto Portugal tem 110.

A criação de serviços e unidades de fisioterapia no Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai ser um dos temas do Congresso Nacional dos Fisioterapeutas, que terá cerca de 500 participantes.

Os profissionais irão discutir também a identidade e o valor do fisioterapeuta, ou seja, onde e de que forma o papel do fisioterapeuta é mais rentável, seja em unidades privadas ou no SNS.

O bastonário apontou ainda a falta de acompanhamento do utente depois de sair do hospital e a importância da prevenção e promoção da saúde nas escolas, reforçando o papel educador dos fisioterapeutas.

O reconhecimento da fisioterapia cardiorrespiratória, a fisioterapia músculo-esquelética e fisioterapia neurológica como especialidades profissionais será outro tópico no evento, que vai acontecer em Lisboa.

A Inteligência Artificial na fisioterapia é outro tema no congresso e, segundo o bastonário, a tecnologia não substitui o fisioterapeuta, funcionando mais como um complemento.

António Lopes referiu a tecnologia ajuda o utente a ser mais autónomo, sublinhado que os fisioterapeutas “têm a noção de que os 20 minutos de fisioterapia não chegam” e que é preciso continuar o tratamento em casa.

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