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Institutos mundiais debatem a partir de hoje em Moçambique ameaças à saúde pública

LUSA
09-04-2025 06:20h

Mais de 100 representantes de Institutos Nacionais de Saúde de cerca de 60 países reúnem-se a partir de hoje, em Maputo, para discutir futuras ameaças e emergências mundiais de saúde pública.

O encontro, que vai decorrer durante dois dias, visa "identificar estratégias tecnológicas e científicas para o enfrentamento das principais ameaças globais de saúde”, bem como “reforçar as redes de colaboração global em saúde pública”, permitindo que “o mundo esteja melhor preparado para lidar com futuras emergências globais de saúde”, disse o diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS), Eduardo Samo Gudo, quando anunciou a realização do evento em Moçambique.

Nesta reunião anual da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI, na sigla em inglês), que acontece em Maputo, vão ser apresentadas e discutidas evidências sobre doenças com potencial para causar futuras pandemias ou emergências de âmbito global, adiantou.

No rol das prováveis futuras pandemias ou emergências de saúde pública destacam-se o recrudescimento da gripe causada pelo vírus H5N1 pelo mundo, "num contexto em que a humanidade possui imunidade baixa ao vírus", disse.

“A última vez que tivemos uma pandemia pelo vírus de H5N1 foi em 2005, portanto, não temos imunidade para este vírus e temos registado nos últimos tempos aumento da frequência, de casos de H5N1, isto representa uma ameaça para uma futura pandemia”, alertou o diretor-geral do INS de Moçambique.

Outra preocupação dos institutos mundiais de saúde é o alastramento de vírus emergentes, como dengue e chikunguunya, em todos os continentes, o aumento a nível mundial de casos de mpox, o aumento da frequência de surtos de febres hemorrágica em África, nomeadamente, ébola, Marburgo, hantavírus, entre outros, e o rápido alastramento de bactérias altamente resistentes aos antimicrobianos que reduzem as opções de tratamento medicamentoso das infeções, acrescentou.

O diretor-geral do INS salientou que a reunião se realiza numa altura em que o “mundo atravessa ameaças de saúde pública”, apontando para o surgimento de novas ameaças virais emergentes, a reemergência de doenças previamente controladas em várias partes do planeta, que voltaram a surgir como problemas de saúde pública.

Antecipando o arranque deste encontro, Eduardo Samo Gudo transmitiu também a mensagem de preocupação dos institutos de saúde mundiais face ao aumento da frequência e gravidade de surtos, epidemias e pandemias a nível global, a transição epidemiológica e aumento das incertezas futura sobre saúde pública.

Faz parte da agenda da reunião de Maputo definir ações para assegurar partilha de tecnologias e conhecimentos científicos entre os países, em caso de emergência global. Pretende-se também reforçar a colaboração entre os Institutos de Saúde para melhor prever e antecipar ameaças de saúde pública e garantir que os institutos estejam preparados para novas ameaças de saúde pública.

Estão igualmente agendadas discussões sobre fatores associados ao agravamento das doenças referenciadas, destacando-se a rápida urbanização e invasão de nichos silvestres onde habitam vírus letais aos humanos, as mudanças climáticas e aquecimento global, incluindo conflitos armados e a redução do financiamento global para saúde, disse Samo Gudo.

A Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública, com sede na Alemanha, foi criada em 2006 como uma plataforma de colaboração entre os Institutos Nacionais de Saúde de todo o mundo.

Atualmente, a IANPHI congrega mais de 120 Institutos Nacionais de Saúde Pública de todo o mundo, conforme avançou o INS de Moçambique, que é membro da associação.

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