O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira disse hoje nada ter contra a gestão do hospital desta cidade do distrito de Lisboa em parceria público-privada “desde que funcione”, mas lamentou não ter sido consultado pelo Governo.
“Se a decisão do Governo é caminhar nesse sentido, nada temos a opor sob o ponto de vista ideológico. O que é importante é que funcione”, disse à Lusa Fernando Paulo Ferreira.
“O fundamental é que sejam garantidos os melhores cuidados de atendimento relativo à saúde aos nossos cidadãos. Se é via PPP, se é diretamente pelo Ministério da Saúde, isso, sob o ponto de vista do serviço, pouco importa. O que interessa é que funcione”, disse.
O autarca assegurou que a autarquia nunca teve “nenhum tipo de preconceito” em relação à gestão por PPP do Hospital de Vila Franca, que foi construído com uma parceria pública-privada.
No entanto, alertou que “é preciso perceber qual é a dimensão desta PPP”, uma vez que no ano passado foi constituída uma unidade local de saúde (ULS) que inclui o Hospital de Vila Franca de Xira e todos os centros de saúde de cinco concelhos (além de Vila Franca de Xira abrange também Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente).
É preciso saber se a PPP “é só para o hospital e [se os centros de saúde] deixarão de ser geridos em conjunto, ou se a PPP também será para abranger o conjunto da unidade local de saúde. Nada sabemos sobre esta matéria”, afirmou.
O autarca disse ainda não compreender porque é que o Governo “anunciou esta decisão pela comunicação social e não falou com os presidentes de Câmara”.
“Acho que teria sido institucionalmente adequado que o tivesse feito. Até porque temos pedidos de audiência com a senhora ministra, a que ela não dá sequer resposta. Na semana passada, o ministério resolveu que ia fechar as urgências pediátricas à noite e ao fim de semana no Hospital de Vila Franca e também não nos comunicou nada. Infelizmente, o Governo é assim que comunica”, referiu.
O jornal Público noticiou que o Governo pretende aprovar hoje, no Conselho de Ministros, um modelo de gestão em PPP para os hospitais de Braga, Loures, Amadora-Sintra, Vila Franca e Garcia de Orta, em Almada.
Apenas para o Garcia de Orta será novidade, pois os outros quatro hospitais já foram geridos desta forma no passado.
Para justificar esta decisão, o Governo argumenta que houve uma redução da qualidade dos serviços prestados nestes hospitais desde que regressaram à esfera pública, além de um agravamento dos custos, acrescentou o diário, citando fonte governamental.