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Autoridades moçambicanas preocupadas com desinformação sobre cólera em Nampula

LUSA
07-03-2025 14:18h

As autoridades de saúde na província de Nampula, norte de Moçambique, manifestaram preocupação pelo nível de desinformação sobre a cólera, surto que afeta a província desde 2024, após vandalização de mais um centro de tratamento da doença.

"Tivemos a vandalização do nosso centro de tratamento da cólera [no distrito de Murrupula], felizmente não chegaram a vandalizar as tendas (...), mas o que nos deixou mais preocupados é o nível de desinformação que temos a nível do distrito", disse a diretora distrital da saúde em Murrupula, Énia Zunguza.

O surto de cólera foi declarado em 17 de outubro, em três regiões das províncias de Nampula e Zambézia.

De acordo com a representante, os profissionais da saúde são proibidos de ir às comunidades, o que gera insegurança entre a classe e impede o tratamento da doença.

"Ninguém está seguro porque a informação que circula nas comunidades é que os serviços de saúde é que estão a propagar esta cólera, o que não constitui a verdade", disse.

Énia Zunguza explicou que, desde 17 de fevereiro, o distrito registou um cumulativo de 171 casos notificados, seis dos quais internados.

"Entretanto, continuamos a ter entradas", acrescentou.

As autoridades de saúde de Nampula já tinham admitido em 07 de fevereiro que mitos e desinformação comprometem a meta de vacinação contra a cólera em Mogovolas, entre os distritos mais afetados naquela província do norte.

As autoridades pretendiam atingir 197.999 pessoas, mas acabaram vacinando 169.865, o que corresponde a 85,8%, afirmou na altura à Lusa Samuel Carlos, representante do Serviço Provincial de Saúde em Nampula.

Devido à onda de desinformação, com as comunidades a acusarem os técnicos de saúde no terreno de estarem a propagar a doença, populares de Mogovolas destruíram o Centro de Tratamento da Cólera, bem como o bloco operatório do parceiro estratégico do Governo, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras.

Moçambique registou um total de 29 mortes - todos em Nampula - e 777 casos de cólera desde outubro, com as autoridades a alertarem para o “risco considerável” de agravamento do surto que se regista em pelo menos duas províncias, disse anteriormente à Lusa Quinhas Fernandes, diretor nacional de Saúde Pública.

Segundo o responsável, o atual surto de cólera tem “menor magnitude” comparado ao registado entre 2023 e 2024, em que foram notificados 27 mortos e um cumulativo de 12.487 casos entre outubro e fevereiro.

Do cumulativo de 777 casos notificados, 501 foram internados e 729 receberam alta hospitalar.

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