A epidemia no estado do Nilo Branco, no sul, segue-se a um ataque de um drone à central elétrica de Um Dabakar, a cerca de 275 quilómetros a sul de Cartum, que interrompeu o acesso à água potável em Kosti, a capital do estado.

O ataque ocorreu numa altura em que o sistema de saúde no Sudão está paralisado pela guerra civil, que já causou dezenas de milhares de mortes e deslocou mais de 12 milhões de pessoas desde 15 de abril de 2023.

"Mais de 2.200 pessoas, incluindo crianças, estão atualmente a lutar contra a epidemia mortal da cólera na cidade de Kosti", afirmou a Organização Não-Governamental (ONG) num comunicado.

Segundo a Save the Children, o Ministério da Saúde registou mais de 2.243 casos de cólera - uma média de cerca de 400 casos por dia - em Kosti, com pelo menos 70 mortes confirmadas pela doença entre 20 e 26 de fevereiro.

"As crianças do Sudão são apanhadas num ciclo interminável de violência, doença e fome, com um impacto devastador", afirmou o diretor da ONG no país, Mohamed Abdiladif.

De acordo com um comunicado emitido pelo ministério na terça-feira, o país registou mais de 55.000 casos de cólera e mais de 1.400 mortes desde que a epidemia foi declarada em agosto de 2024.

Desde abril de 2023, o chefe do exército Abdel Fattah al-Burhane e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdane Daglo, outrora aliados, estão envolvidos numa luta pelo poder que mergulhou o país numa guerra devastadora.