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Moçambique é um dos 20 países que pediram apoio para combater a malária - Durão Barroso

LUSA
24-04-2024 09:01h

Moçambique é um dos 20 países africanos que solicitaram apoio à Aliança Mundial para as Vacinas para introduzir a vacinação contra a malária, disse hoje à agência Lusa o presidente do conselho de administração daquela organização.

Em declarações à agência Lusa, Durão Barroso, ex-primeiro-ministro português e antigo presidente da Comissão Europeia, salientou que a segunda vacina, R21, que deverá estar pronta para começar a ser inoculada em meados deste ano, “poderá desempenhar um papel crucial na resposta às necessidades dos 20 países que solicitaram apoio da Aliança Mundial para a Vacinação e Imunização (GAVI, na sigla em inglês) para combater a malária.

“A procura pela R21, com base em pedidos aprovados, está atualmente em cerca de 10 milhões de doses”, detalhou.

Além de Moçambique, integram a lista de 20 países africanos que solicitaram o apoio da GAVI Benim, Burkina Faso, Burundi, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gana, Guiné-Conacri, Libéria, Malaui, Níger, Nigéria, Quénia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Serra Leoa, Sudão, Sudão do Sul e Uganda.

“As vacinas contra a malária são uma das várias armas poderosas na longa guerra contra a doença, mas até hoje essa guerra está num impasse. A necessidade de redobrarmos os nossos esforços contra a malária é agora urgente”, salientou Durão Barroso.

O aumento da resistência aos medicamentos contra a malária e aos inseticidas, as alterações climáticas, as interrupções nos serviços de malária causadas pela pandemia de covid-19 e um patamar no financiamento para o controlo da malária combinaram-se nos últimos anos para porem em causa o progresso na luta contra a doença em várias partes da África, considerou.

No caso do continente africano, acrescentou Durão Barroso, os casos de malária reportados representam mais de 70% dos cerca de 247 milhões de casos de malária que ocorrem anualmente em todo o mundo.

A malária representa “95% das 619 mil mortes causadas pela doença anualmente. Quase todas as mortes ocorrem em crianças com menos de 5 anos”, afirmou.

O presidente do conselho de administração da GAVI recordou que está a decorrer a Semana Mundial de Imunização (20 a 24 de abril) e que mais três países - Benim, Libéria e Serra Leoa - planeiam juntar-se aos Camarões e Burkina Faso na introdução da vacina RTS,S.

“A procura pela vacina está a aumentar, impulsionada pelo sucesso da vacina em projetos-piloto nacionais de grande escala, financiados pela GAVI, pelo Fundo Global e pela Unitaid, e coordenados pela OMS, que mostraram que a vacina pode reduzir drasticamente a taxa de mortalidade. Um desses países piloto, Gana, agora tem como objetivo a eliminação da malária em grande parte do seu território”, destacou.

Durão Barroso disse ainda que para “garantir que as vacinas funcionem de forma integrada com o pacote existente de ferramentas essenciais de controlo da malária”, a GAVI está a trabalhar lado a lado com os países, o Fundo Global e outros parceiros-chave.

O objetivo é assegurar que as vacinas contra a malária sejam integradas em estratégias nacionais de controlo da malária detalhadas e atualizadas que incorporem os programas do Fundo Global de prevenção, teste e tratamento da malária, incluindo através da distribuição de redes mosquiteiras para proteger as famílias, pulverização residual interna com inseticidas, quimioprevenção sazonal da malária e terapia preventiva para mulheres grávidas.

“Os benefícios dos investimentos no controlo da malária vão muito além do controlo da própria doença. O apoio da GAVI inclui o reforço das principais funções do sistema de saúde que podem ser aproveitadas para outras intervenções críticas de saúde pública que constituem os elementos essenciais da Cobertura Universal de Saúde”, vincou.

Para Durão Barroso, com as novas ferramentas à disposição existe agora “uma oportunidade única em uma geração para transformar os esforços de controlo da malária e virar decisivamente a maré contra a doença nos países com maior incidência”.

No último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a malária indicou que, em 2022, registaram-se 249 milhões de casos de malária em todo o mundo, mais cinco milhões do que em 2021. Destes cinco milhões, 3,2 milhões ocorreram em países africanos: Uganda (0,6 milhões), Nigéria (1,3 milhões) e Etiópia (1,3 milhões). Os restantes aconteceram na Papua-Nova Guiné (0,4 milhões) e Paquistão (2,1 milhões).

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