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Ucrânia: Hospitais devem ser sempre porto seguro - Coordenadora Humanitária da ONU

Lusa
14-02-2024 18:18h

A Coordenadora Humanitária da ONU para a Ucrânia defendeu hoje que os hospitais devem ser sempre um porto seguro, condenando um bombardeamento que vitimou civis ao atingir um hospital, habitações e outras infraestruturas em Selydove, na região de Donetsk.

“Estou profundamente triste e chocada com as notícias desta manhã provenientes da cidade de Selydove, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde mais um ataque noturno a esta cidade devastada pela guerra ceifou mais vidas civis e danificou um hospital, casas e infraestruturas civis próximas”, declarou Denise Brown, citada num comunicado do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

“Os hospitais devem continuar a ser um porto seguro para as pessoas que deles necessitam”, sustentou.

A responsável da ONU classificou as notícias sobre o número de vítimas como “aterradoras”, precisando que “uma grávida, uma mãe e o seu filho, um bebé de seis meses e outros civis, adultos e crianças, perderam a vida ou ficaram feridos neste terrível ataque” e que “a administração do hospital teve de proceder à retirada dos doentes do edifício a meio da noite”, pela “segunda vez em poucos meses”, uma vez que o mesmo hospital foi atingido em novembro de 2023.

“Estes ataques repetidos que têm como alvo instalações vitais de cuidados de saúde são um lembrete claro do impacto devastador que a guerra da Rússia na Ucrânia tem sobre os civis, especialmente aqueles que procuram cuidados médicos”, declarou Denise Brown, referindo-se ao conflito desencadeado por Moscovo no país vizinho e em curso há quase dois anos.

Segundo a coordenadora humanitária das Nações Unidas, “só em 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o impressionante número de 28 ataques que afetaram profissionais de saúde e doentes, hospitais, transportes médicos e abastecimentos de material médico em toda a Ucrânia”.

“Os ataques aos cuidados de saúde constituem uma violação flagrante do direito internacional humanitário e da humanidade enquanto tal”, sublinhou Denise Brown, acrescentando ser “totalmente inaceitável que os civis que procuram cuidados médicos, já a braços com as consequências físicas e emocionais de doenças ou ferimentos, se vejam também confrontados com violência e destruição”.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

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