SAÚDE QUE SE VÊ

Aumento da violência na RDCongo causa nova vaga de refugiados - ONU

LUSA
17-10-2023 13:27h

O aumento da violência e as violações sucessivas dos direitos humanos nas províncias orientais da República Democrática do Congo (RDCongo) causaram uma nova vaga de deslocações, alertou hoje o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Apesar do recente acordo de cessar-fogo na província de Kivu do Norte, o ACNUR declarou que mais de 90.000 pessoas nos territórios de Rutshuru e Masisi foram forçadas a fugir das suas casas durante as primeiras semanas de outubro.

"As famílias deslocadas necessitam urgentemente de alimentos, água potável e abrigo, mas o acesso da ajuda humanitária às populações afetadas está seriamente limitado devido aos conflitos em curso", esclareceu hoje a agência das Nações Unidas.

A província de Kivu do Sul, que se situa na periferia do primeiro conflito, passou a acolher 260.000 pessoas deslocadas internamente. Só nesta região, foram registadas 8.243 violações dos direitos humanos em setembro, incluindo assassínios, pilhagens e violações.

Os surtos de doenças, em especial a cólera e o sarampo, continuam a assolar as zonas de refugiados no Kivu do Norte, agravados pela sobrelotação e pela falta de água potável, segundo os dados das Nações Unidas. 

Do um milhão de pessoas que necessitam urgentemente de abrigos de lona nas províncias orientais, apenas 115.000 os receberam desde junho. Entretanto, as crianças de dezenas de escolas do Kivu do Norte continuam sem aulas, uma vez que as suas salas de aula são utilizadas para abrigar famílias deslocadas.

Apesar do apelo conjunto para aumentar a resposta de emergência em junho, as organizações humanitárias que trabalham no leste da RDCongo apenas receberam o financiamento necessário para chegar a 2,7 milhões dos 5,5 milhões de pessoas com necessidades mais urgentes.

O próprio ACNUR necessita de 232,6 milhões de dólares (cerca de 221 milhões de euros) para responder adequadamente às necessidades das pessoas refugiadas na RDCongo este ano, que faz fronteira com Angola. 

Até à data, apenas 40% deste montante foi recebido.

De janeiro a agosto de 2023, cerca de 45.000 novos refugiados da RDCongo refugiaram-se nos países vizinhos, incluindo o Uganda, a Tanzânia e o Ruanda. 

Estes países vizinhos de asilo também estão a ser afetados por um grave subfinanciamento.

O ACNUR cessou todos os programas de assistência monetária aos refugiados no Ruanda e o Programa Alimentar Mundial (PAM) reduzirá a sua assistência alimentar a partir de novembro.

Na Tanzânia, a assistência a indivíduos com necessidades específicas, como os sobreviventes de violência baseada no género e de exploração e abuso sexual, e as crianças em risco, foi drasticamente reduzida.

No Uganda, registou-se uma redução na disponibilidade e no nível dos serviços de água, saneamento e higiene, o que é atribuído à chegada dos vários refugiados da RDCongo.

O Plano Regional de Resposta aos Refugiados para 2023 para a situação na RDCongo, que reúne 69 parceiros humanitários e de desenvolvimento em colaboração com os governos e o ACNUR é atualmente financiado com apenas 16% dos 605 milhões de dólares (cerca de 574 milhões de euros) necessários.

MAIS NOTÍCIAS