A ex-diretora do serviço de Obstetrícia do Hospital Santa Maria Luísa Pinto revelou hoje que subiu para sete o número de especialistas que rescindiram contrato com a instituição, avisando que há uma “forte possibilidade” de serem mais.
Luísa Pinto está a ser ouvida na comissão parlamentar de Saúde, na qualidade de representante dos médicos demissionários do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), a requerimento do BE, “sobre a demissão de vários médicos especialistas em obstetrícia motivada por uma degradação das condições laborais e assistenciais”.
Na audição, Luísa Pinto, que integra o grupo de seis médicos do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria que apresentaram a demissão em setembro, revelou, em resposta a questões levantadas pela deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires, que são já sete obstetras que rescindiram contrato com o Hospital de Santa Maria e que "existe a forte possibilidade de vir a haver mais rescisões”.
Luísa Pinto disse não ter “nenhuma filiação partidária nem nenhuma ambição política” e que aceitou em consciência estar hoje na audição “em defesa da verdade e da justiça”, agradecendo a oportunidade de apresentar as razões para a “difícil e dolorosa decisão para a qual os médicos foram na realidade empurrados” na sequência do plano da Direção Executiva do SNS para a resposta de Obstetrícia e Ginecologia, que previa que, enquanto o bloco de partos do hospital de Santa Maria estivesse fechado para obras - entre os meses de agosto deste ano e março do próximo ano - os serviços ficassem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier.
“É de alguma forma reconfortante perceber que há quem se preocupe em perceber como é que, num curto intervalo de tempo, em dois meses, aquilo que era um serviço de excelência dos maiores serviços de obstetrícia do país, não só em termos quantitativos, mas em termos de qualidade, quer clínica, quer científica, quer docente, e um serviço de referência nacional e internacional que se torna um serviço deserto e, diria eu, em vias de extinção”, salientou.