As termas das Caldas do Moledo, na Régua, vão ser reativadas para se tornarem num polo de atração turística no Douro e para recuperar o legado deixado pela histórica dona Antónia Adelaide Ferreira, foi hoje anunciado.
O projeto de revitalização do parque termal avança no âmbito do consórcio formado pela Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) e a Câmara do Peso da Régua e começa pela reabilitação de um dos edifícios, que possui uma piscina de água quente.
A autarquia do distrito de Vila Real procedeu hoje à adjudicação da obra para a recuperação do balneário termal, que representa um investimento de 1,6 milhões de euros e tem um prazo de execução de 18 meses.
O presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves, afirmou que aquele espaço, localizado junto ao rio, é “uma referência” e uma das “joias” do Douro. O parque termal está fechado desde 2010.
“Estas são as únicas termas na Região Demarcada do Douro com dimensão, história e património e, neste momento, a nossa ambição é que todo aquele património seja requalificado”, frisou.
As Caldas de Moledo estendem-se pelos concelhos de Mesão Frio e Peso da Régua e contam uma história ligada a dona Antónia Adelaide Ferreira, a "Ferreirinha" da Régua, a quem foi entregue o alvará de concessão das termas em 1895.
“A dona Antónia deixou-nos um legado que nós só temos que pegar, requalificar e colocá-lo outra vez ao serviço de todo o território e do mundo”, afirmou José Manuel Gonçalves.
Na sua opinião, a “Ferreirinha” foi “uma visionária” na sua época. No Moledo, para além das termas, construiu ali uma residência e potenciou um hotel, pensões e até um casino.
O autarca disse estar convencido de que o crescimento do turismo no Douro “vai continuar a ser uma realidade” após a pandemia de covid-19, e destacou o potencial daquelas termas que se localizam junto a três vias de comunicação: rodoviária, fluvial e ferroviária.
No âmbito do projeto agora adjudicado, o edifício vai ser reabilitado e adaptado para acolher um programa termal, com vários tipos de tratamento e mantendo a piscina como elemento principal. O investimento resulta de uma candidatura apresentada ao programa PROVERE.
O objetivo é, depois, avançar com a recuperação de todo o parque, mas o município visa também a requalificação de edifícios existentes naquele lugar.
Nesse sentido, adiantou que, em breve, vai ser lançado o concurso para a recuperação de um antigo hotel e construção de 12 fogos de habitação social, um projeto que avança no âmbito do programa 1.º Direito lançado pelo Governo.
A cerimónia de assinatura de contrato de consórcio entre a Câmara do Peso da Régua e o Turismo do Porto e Norte de Portugal, com vista à requalificação e gestão do Complexo Termal de Caldas do Moledo, esteve agendada para hoje, mas foi adiada e será, segundo o autarca, formalizada na presença da secretária de Estado do Turismo.
Em 2009, a Turismo do Douro avançou com um processo de impugnação judicial à escritura realizada pela Câmara do Peso da Régua, para posse do parque termal por usucapião.
Em 2013, o Tribunal de Mesão Frio declarou a Turismo do Douro como a dona e legítima proprietária e condenou o município de Peso da Régua a reconhecê-lo, só que aquela autarquia recorreu e o processo passou para o Tribunal da Relação do Porto, chegando ao Supremo Tribunal de Justiça, com ambos a confirmar a decisão da primeira instância.
A nova lei das Entidades Regionais de Turismo, que entrou em vigor no dia 17 de maio de 2013, fundiu a Turismo do Douro, sediada em Vila Real, com a TPNP.