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Covid:19 - “Ninguém sabe se o plano é bom, porque ninguém sabe qual é o plano“– afirma professor de Farmacologia da Universidade de Lisboa  

CANAL S+ / VD
08-02-2021 22:18h

Hélder Mota Filipe afirma-se preocupado com o que está a acontecer com o processo da vacinação contra a COVID-19. O professor de Farmacologia da Universidade de Lisboa garante ao Canal S+ que “Ninguém sabe se o plano é bom, porque ninguém sabe qual é o plano“.

O especialista revela que deve existir maior “transparência e sobretudo uma boa comunicação” de modo “a recuperar o tempo perdido, porque já começamos tarde em relação a outros países da União Europeia” e sobretudo para credibilizar o processo que está ferido de “falta de planeamento”, acusa.  

Para o antigo dirigente do INFARMED, onde esteve cerca de 10 anos, o momento é absolutamente decisivo. Hélder Mota Filipe lembra que “não podemos brincar com este processo” e é urgente envolver “toda a capacidade instalada. Todos os que têm condições para garantir a logística da vacina até ao doente e que tem condições técnicas e científicas. Esta vacina não tem nada de especial que não tenha a vacina da gripe. Temos farmácias pelo país todo. Têm uma capilaridade que nenhum outro serviço tem. Só administram vacinas da gripe, as farmácias que foram autorizadas para isso”, assegura o especialista.

Ainda a propósito do plano de vacinação contra a COVID-19 em curso, o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa esclarece ainda que “não devemos comparar este processo com o plano nacional de vacinação que temos e que funciona bem. Aliás, se nós misturarmos este processo com o outro, nenhum deles vai correr bem. E, então, vamos ter crianças que deviam ser vacinadas e que se vão atrasar. Esta comparação que dá muito jeito aos políticos, só baralha as coisas. Este é outro processo. Os atores devem ser outros o mais possível”, defende Hélder Mota Filipe.

O plano de vacinação contra a COVID-19 foi apresentado 3 de dezembro de 2020, no INFARMED, por Francisco Ramos, na altura coordenador da task-force criada pelo governo para liderar o processo.

Após sucessivas denúncias públicas, de norte a sul do país, de mais de 300 casos de vacinação indevida, incluindo no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, onde integra a Comissão Executiva, Francisco Ramos decidiu apresentar a sua demissão, na última quarta-feira, de coordenador da task-force.

O Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo, 60 anos, foi o escolhido pela Ministra da Saúde, Marta Temido, para suceder a Francisco Ramos.

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