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Covid-19: “Sempre que relaxamos um bocadinho de cuidado e proteção, o número de casos aumenta” – afirma professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa  

CANAL S+ / VD
08-01-2021 11:27h

Joaquim Ferreira, neurologista e professor de Farmacologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, lembra que “sempre que relaxamos um bocadinho de cuidado e proteção, o número de casos de COVID-19 aumenta”.

Pelo segundo dia consecutivo, o país registou um número bastante elevado de novas infeções por SARS COV-2. O último balanço da Direção Geral de Saúde, divulgado ontem, indica mais 9927 infetados com COVID-19 e 95 mortos a lamentar.

Em entrevista ao Canal S+, o clínico e investigador recorda que estamos perante um cenário previsível, dado que a nova variante da doença, muito mais contagiosa, já se encontra a circular em Portugal continental.

Ao Canal S+, Joaquim Ferreira recorda que a comunidade científica continua a “ter muitas incertezas”, mas ainda assim “Hoje não temos dúvidas que esta doença vai muito para além dos pulmões”, afirma o neurologista.

Joaquim Ferreira assegura que a COVID-19 “envolve o coração, o cérebro e há risco de encefalite”, atesta o clínico para quem existem outras sequelas igualmente graves como a possibilidade dos doentes infetados desenvolverem, ainda que raramente, Parkinson ou sofrerem Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Perante a possibilidade, avançada pelas autoridades britânicas, dos cidadãos no Reino Unido receberem duas vacinas diferentes na 1ª e na 2ª toma, o professor de farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa lamenta que isso esteja a ser ponderado, dado que não dispomos de dados suficientes que suportem essa metodologia.

Para Joaquim Ferreira importa destacar que todas as três vacinas disponíveis comercialmente “têm dados de eficácia muito motivadores”. O professor da faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa lamenta ainda que não se cumpram os dias recomendados entre as duas tomas da vacina.

Joaquim Ferreira está convencido que Portugal vai optar por uma estratégia em tudo semelhante ao resto da Europa que é a de vacinar o maior número de pessoas no mais curto espaço de tempo possível. O médico, que preside ao Campus Neurológico Sénior, lamenta apenas que “a fase em que o mundo está, dificulta tudo, inclusive a produção de vacinas”. Joaquim Ferreira explica que as vacinas disponíveis para combater a COVID-19 são “medicamentos biológicos, um bocadinho especiais”.

O professor de Farmacologia da Faculdade de Medicina da  Universidade de Lisboa vê ainda com bons olhos a criação de parcerias com “cedência tecnológica” entre a indústria farmacêutica e fábricas de medicamentos portuguesas, como sucedeu no Brasil entre a Fundação Oswaldo Fio Cruz e a Astrazeneca/Universidade de Oxford.

Joaquim Ferreira lembra que “Em teoria, Portugal tem capacidade para produzir medicamentos. (…) Apesar de tudo, Portugal tem maior experiência em medicamentos clássicos e convencionais, ditos não biológicos”. Porém, o neurologista não exclui “a possibilidade de muitas companhias em Portugal colaborarem na produção destas vacinas”.

Joaquim Ferreira mostra-se ainda bastante preocupado com o aumento dos números da pandemia em Portugal e garante que as próximas semanas vão ser extremamente difíceis e de uma forte pressão para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

 

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