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Covid-19: Provedor da Misericórdia de Évora acusa autoridades de falta de apoio

LUSA
04-01-2021 19:52h

O provedor da Misericórdia de Évora, onde existe um surto de covid-19 num lar, já com 24 infetados, criticou hoje as autoridades por ainda não terem evacuado o espaço, que “não é um hospital”.

O processo de evacuação do Lar Nossa Senhora da Visitação “chegou a merecer a concordância das diversas autoridades” e “os utentes infetados já deviam ter sido transferidos”, mas “passaram seis dias desde que o surto foi identificado e nada”, lamentou o provedor, Francisco Lopes Figueira, em declarações à Lusa.

Segundo o responsável, “a autoridade de Saúde, a Câmara e a Comissão Municipal de Proteção Civil de Évora e a Segurança Social” têm dado “apoios simbólicos” e têm sido “muito cordiais”, mas “não tiveram nenhuma ação com impacto nos utentes”.

“Vão ‘empurrando com a barriga’ de uns para os outros, estão sempre a aguardar mais qualquer coisa e nunca é o momento oportuno. Ainda não fizeram nada”, argumentou.

O provedor considerou “inadmissível que, ao fim de seis dias de insistências diárias com todos estes intervenientes, ninguém tenha tido a mínima decisão para um apoio com significado”.

“A Misericórdia não é um hospital, aquele lar não é um hospital. O edifício não tem condições para este fim, tem sim condições para ser um lar ao estilo de uma habitação, mas não para dar resposta a uma doença infetocontagiosa e gerir um número de infetados desta dimensão”, frisou.

O surto do vírus que provoca a covid-19 no Lar Nossa Senhora da Visitação, da Misericórdia de Évora, foi confirmado em 29 de dezembro, inicialmente com 13 dos 24 utentes e quatro dos 19 funcionários infetados.

Entretanto, o número de casos do novo coronavírus SARS-CoV-2 aumentou, abrangendo agora um total de “18 utentes e seis funcionários infetados”, mas sem vítimas mortais (uma idosa morreu no dia 31 de dezembro, mas devido a outras causas), disse Francisco Lopes Figueira.

“O que tem valido é que a Misericórdia, através dos funcionários e direção do lar e profissionais de Saúde da instituição, tem posto e vai continuar a pôr todos os seus esforços para que estes utentes sejam bem tratados”, acrescentou.

Este surto teve origem num trabalhador infetado no exterior, diagnosticado em testagem regular da instituição, alguns dias antes, indicou a Santa Casa da Misericórdia.

Portugal contabiliza pelo menos 7.186 mortos associados à covid-19 em 431.623 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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