Os vereadores do PCP na Câmara de Lisboa propõem a criação de equipas mistas para o acompanhamento no terreno das infeções por covid-19, nomeadamente as possíveis cadeias de contágio, e defendem georreferenciação dos casos, salvaguardando o anonimato.
Numa proposta que entregaram na Câmara de Lisboa para discussão em reunião do executivo, os vereadores comunistas defendem que a autarquia deve promover, junto da Direção-Geral da Saúde e da Segurança Social, a criação de equipas que “acompanhem todas as situações no terreno”.
Essas equipas, é proposto, devem proceder à georreferenciação dos casos, salvaguardando o anonimato, acompanhando quer as possível cadeias de contágio, quer as condições de cumprimento do confinamento.
As equipas mistas deverão ainda identificar situações em que não seja possível às pessoas infetadas ou em quarentena fazerem “o isolamento em segurança, por motivos de ordem habitacional, insuficiência económica ou outra”, encontrando alternativas para estes casos.
Por outro lado, as equipas deverão tentar identificar os fatores que estão na origem dos casos positivos: locais de trabalho, condições de transportes públicos ou outros, “de forma a melhor encontrar soluções para as resolver”.
Além disso, o PCP defende a dinamização de uma campanha de sensibilização e educação para a Saúde.
Na proposta, os vereadores comunistas salientam que o poder local tem sido um fator decisivo na mitigação dos efeitos da pandemia de covid-19 e elogiam o “papel insubstituível” do Serviço Nacional de Saúde na resposta ao surto.
Contudo, alertam, a progressão da pandemia e das suas consequências sociais é desigual, sendo evidente o impacto nos mais desfavorecidos, nos mais afetados pela precariedade laboral, com mais desproteção social e com menores condições de vida.
“A evolução epidemiológica na região de Lisboa mereceu recentemente a adoção de medidas excecionais, as quais têm também incidência no município de Lisboa, que deverá adequar a intervenção neste contexto, considerando também as medidas implementadas com sucesso noutros municípios situados na região de Lisboa”, lê-se na proposta que ainda aguarda agendamento para ser discutida pelo executivo camarário.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 487 mil mortos e infetou mais de 9,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.555 pessoas das 40.866 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A generalidade de Portugal Continental passará em 01 de julho para a situação de alerta devido à pandemia de covid-19, com exceção da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que passará para o estado de contingência.
Dentro da AML, que é constituída por 18 municípios, 19 freguesias de cinco concelhos - Lisboa, Sintra, Amadora, Odivelas e Loures - continuarão em estado de calamidade, já que, segundo o primeiro-ministro, é “onde se concentra, neste momento, o foco de maior preocupação de novos casos [de infeção] registados”.
No concelho de Lisboa apenas irá permanecer no estado de calamidade a freguesia de Santa Clara.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.