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Covid-19: Juntas e Câmara de Celorico de Basto exigem reabertura das extensões de saúde

LUSA
28-05-2020 17:29h

Juntas de freguesia de Celorico de Basto, apoiadas pela câmara, exigem a reabertura das extensões de saúde encerradas em março e o "regresso à normalidade" no atendimento no centro de saúde.

José Sousa, presidente da Junta de Ribas, porta-voz dos autarcas de freguesia, disse hoje à Lusa não se entender a razão pela qual se mantêm encerradas as quatro extensões de saúde (Mota, Rego, Gandarela e Fermil), impedindo o acesso aos atos médicos de milhares de pessoas.

O autarca sublinha que as extensões de saúde encerradas devido à pandemia de covid-19 (prevê-se a reabertura na Mota, na segunda-feira) situam-se em zonas rurais e distantes da sede do concelho, "complicando a vida às pessoas com poucos recursos e sem transportes".

"Muitas estão há meses sem consultas e exames e isso não é inaceitável", lamentou.

José Sousa acrescentou que os contactos das freguesias com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Tâmega, no sentido da reabertura das extensões, têm esbarrado na justificação de que não haverá pessoal auxiliar disponível para assegurar a reabertura.

O autarca de Ribas diz haver disponibilidade da câmara para assegurar os recursos humanos necessários, o que foi hoje confirmado à Lusa pelo presidente daquele município do distrito de Braga, Joaquim Mota e Silva.

"Se for necessário dar formação às pessoas também garantiremos isso", acrescentou, enquanto sublinhava o desconforto dos munícipes face à situação atual.

Para o presidente da câmara, já é tempo de os serviços de saúde pública, como está a acontecer noutros setores do Estado, se adaptarem à fase atual de desconfinamento, "regressando progressivamente à normalidade, com os devidos cuidados".

Joaquim Mota e Silva critica a situação que se vive no centro de saúde, que ainda "continua a trabalhar como há um ou dois meses", sem se "adaptar à nova realidade".

"O centro de saúde tem de reabrir, com os devidos cuidados", reforçou.

A situação no centro de saúde é descrita pelo presidente da Junta de Ribas como "lamentável", falando de um cenário de filas com "muitas pessoas no exterior à espera para serem atendidas" por alguém à janela, a partir do interior das instalações.

"Onde está a privacidade das pessoas", questiona, falando da "revolta" que se observa entre a população, nomeadamente a mais idosa, obrigada a recorrer ao centro de saúde naquelas circunstâncias.

A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), questionando o organismo do Estado sobre as questões suscitadas pelas autarquias de Celorico de Basto.

Sobre o encerramento das extensões, refere-se que "o ACES Baixo Tâmega, ao abrigo do plano de contingência do covid-19, teve necessidade de encerrar vários postos de atendimento, não só em Celorico de Basto, mas também noutros concelhos, dado que não reuniam condições exigíveis para se manterem em funcionamento".

A ARS-N não esclareceu sobre a reabertura das extensões, assinalando, porém, que a direção do ACES "está a trabalhar com as equipas de saúde no sentido da retoma da atividade e a progressiva e sustentada reabertura dos polos, mantendo os princípios de segurança para os profissionais e utentes".

O organismo acrescenta que "as sedes de todos os centros de saúde continuaram a funcionar, assegurando os serviços mínimos, consultas de vigilância e consulta aberta com um sistema de triagem à entrada que ainda se mantém".

"Os utentes são triados e orientados em conformidade", lê-se no esclarecimento enviado à Lusa, que não responde, todavia, à questão da alegada falta de funcionários, bem como a recetividade da câmara para disponibilizar recursos humanos que permitam a reabertura das extensões de saúde.

Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.

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