SAÚDE QUE SE VÊ

COVID-19: "Se vamos ficar iguais? Eu acredito que não, acredito que esta experiência vai ter o seu efeito, mas vamos encontrar a nossa nova normalidade", Sónia Cunha

CANAL S+ VP
28-05-2020 15:35h

Em plena fase de desconfinamento, o Canal S+ conversou com Sónia Cunha, psicóloga do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise – CAPIC do Instituto Nacional de Emergência Médica – INEM sobre a atuação deste Centro durante a pandemia da Covid-19 e os impactos desta "crise psicológica" a vários níveis.

Existe há 16 anos, aquando da preparação do Euro 2004, sempre com o mesmo objetivo: o de atender às necessidades psicossociais da população e dos profissionais.

Tal como o nome indica, o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise – CAPIC, é formado por uma equipa de 20 psicólogos clínicos com formação específica em intervenção em crise psicológica, emergências psicológicas e intervenção psicossocial em catástrofe, com representação nas quatro Delegações Regionais do INEM: Porto, Coimbra, Lisboa e Faro.

Sónia Cunha faz parte desta equipa de psicólogos e, ao Canal S+, explica porque é que a pandemia da Covid-19, que define como "crise psicológica" se destaca de outras situações de crise ou de catástrofe que já vivenciámos.

Por isso, desde cedo, o INEM e o CAPIC identificaram a necessidade de criarem mecanismos para se adaptarem e, desta forma, permitirem a resposta à população e aos seus profissionais.

A resposta foi desenhada e estruturada, tendo em conta estas duas necessidades, estes dois contextos que, na opinião de Sónia Cunha, acabam por se sobrepor, mas que têm exigências próprias.

A psicóloga do CAPIC explica em que consistiu a resposta a nível interno, dada aos profissionais de saúde.

Continuar a garantir a resposta aos pedidos de ajuda da população foi outra das preocupações do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise durante a pandemia da Covid-19.

Nesta segunda fase de desconfinamento, a preocupação é, na opinião de Sónia Cunha, a do impacto do confinamento nas nossas relações, na nossa estabilidade e na nossa saúde mental, impacto que poderá ser visível, não para já, mas numa outra fase de resposta.

Numa fase inicial, a partir de meio de Março e até início de Abril, o CAPIC registou uma diminuição dos pedidos de ajuda, de uma forma generalizada.

A partir da segunda, terceira semana de Abril, houve um aumento, que continua a crescer.

A psicóloga do CAPIC destaca ainda outro aspeto: o estigma de quem viveu a doença ou de quem teve contacto com quem a experienciou. 

"É muito importante falarmos sobre isso e sobre a não estigmatização destas pessoas porque, em qualquer situação de doença, há o diagnóstico, há o tratamento e há a integração e a integração destas pessoas na sociedade é fundamental", remata.   

 

 

MAIS NOTÍCIAS