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Covid-19: “1 em cada 4 portugueses com rendimento até 650 euros, perdeu tudo”, denuncia Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)

CANAL S+ / VD
10-05-2020 11:26h

Os portugueses com menos rendimentos são os mais afetados pelas repercussões da pandemia da COVID-19. A conclusão surge num estudo elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública que será apresentado, na próxima quinta-feira, no Infarmed, pelos especialistas diretamente ao Governo, ao Presidente da República e aos principais responsáveis políticos e económicos, como adiantou ao Canal S+ a professora Joana Alves da ENSP.

 

Os investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) garantem que a doença ataca, sobretudo, os mais desfavorecidos e os que estão mais vulneráveis do ponto de vista económico. A professora Joana Alves explicou, em entrevista ao Canal S+, que a academia já suspeitava que este fenómeno social estivesse a ocorrer, dado que existiam indicadores em outros países do surgimento desta realidade, como é o caso dos Estados Unidos, onde as minorias raciais eram das mais atingidas pelas consequências financeiras do surto. Uma tendência internacional que acabou por se confirmar também em Portugal com o estudo da ENSP a verificar que há efetivamente uma profunda assimetria social e até geográfica dos efeitos da pandemia da COVID-19 no nosso país.

 O estudo da ENSP indica ainda que na categoria dos portugueses que ganham acima dos 2500 euros por mês registou-se uma quebra de rendimento em apenas 6% das pessoas. Os dados apontam também que as desigualdades são maiores nos concelhos mais pobres e nas regiões do país onde o acesso a cuidados de saúde, habitabilidade e bom ambiente são menores.

 Para a investigadora Joana Alves é, absolutamente, fundamental envolver as autarquias, o poder central e as autoridades sanitárias numa resposta conjunta às assimetrias registadas no estudo da ENSP. Em simultâneo, adianta a especialista em economia da Saúde, devia ser reforçada a resposta da União Europeia para dotar os Estados-Membros de mais meios para dirimir as desigualdades sociais resultantes da pandemia da COVID-19.

 O estudo da ENSP recomenda ainda que o desconfinamento deve prosseguir para as franjas da população de menor risco, ao mesmo tempo que devem ser reforçados os apoios sociais aos mais desfavorecidos e doentes.

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