“Tendo em conta a situação, vamos esperar até quinta ou sexta-feira para vermos como é que as coisas vão evoluir, mas eu não tenho dúvidas que deve ser alargado para pelo menos 10 dias”, afirmou Óscar Santos, após uma reunião entre autarcas e o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.

A reunião serviu para abordar com o Governo as medidas para o período após o levantamento do estado de emergência, que em seis ilhas habitadas, sem casos de covid-19, já terminou às 24:00 de domingo.

A declaração do atual estado de emergência, iniciado em 18 de abril – que prorrogou o estado de emergência iniciado em 29 de março - prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio.

O concelho da Praia, com um total de 52 dos 109 casos confirmados de covid-19 em Cabo Verde, tornou-se, entretanto, no “epicentro da pandemia” no país.

Sobre a possibilidade de imposição de um cordão sanitário à cidade da Praia, que regista casos diários de infeção pelo novo coronavírus, o autarca afastou a utilidade desse cenário.

“Logisticamente é complicada e difícil porque as fronteiras para limitar a circulação das pessoas são as estradas, mas existem outras vias que podem ser utilizadas e que para serem controladas exige uma força policial e militar enorme que não temos”, afirmou Óscar Santos.

Desde 18 de abril que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca – que declarou os dois estados de emergência anteriores após aprovação pelo parlamento -, quando no sábado anunciou que não iria prorrogar o estado de emergência nas ilhas sem casos, não se comprometeu com decisão idêntica para as restantes, a partir de 03 de maio.

“A minha decisão só será tomada após o acompanhamento, nos próximos dias, da evolução da situação epidemiológica em cada uma delas, dos contactos e consultas que continuarei a fazer junto das autoridades da saúde, de técnicos e especialistas, de responsáveis dos respetivos municípios e de outras entidades públicas e privadas”, explicou Jorge Carlos Fonseca.

O Presidente de Cabo Verde acrescentou que a situação nestas três ilhas será alvo de uma “avaliação minuciosa” em conjunto com o Governo e as autoridades da saúde na quinta-feira.

“Até lá, ou até ao dia 01 de maio, não terei uma decisão definitiva, designadamente quanto a prorrogar ou não prorrogar o ‘estado de emergência’ em tais ilhas. Tê-la antes disso, seria prematuro e imprudente”, assumiu o chefe de Estado.

Cabo Verde conta 109 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (55, além da Praia também dois casos em Tarrafal e outro em São Domingos), da Boa Vista (53) e de São Vicente (01).

Um dos casos, um turista inglês de 62 anos – o primeiro diagnosticado com a doença no país, em 19 de março -, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outros dois doentes já foram dados como recuperados.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios. 

Perto de 810 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.