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Covid-19: Novo ministro da Saúde brasileiro promete plano para flexibilizar isolamento

LUSA
23-04-2020 08:10h

O Governo brasileiro vai apresentar na próxima semana orientações para estados e municípios flexibilizarem as medidas de isolamento social face à pandemia da covid-19, afirmou na quarta-feira o novo ministro da Saúde.

"É impossível um país sobreviver um ano, um ano e meio parado. O afastamento é uma medida absolutamente natural e lógica, mas não pode não estar acompanhado de um programa de saída. É isso que vamos trabalhar", indicou Nelson Teich em conferência de imprensa, em Brasília, uma semana após assumir a tutela da Saúde.

Naquela que foi a sua primeira conferência de imprensa sobre os planos do Governo para enfrentar a pandemia, Teich, que é também oncologista, frisou que o Executivo necessita de ajudar na criação de um programa de saída das medidas restritivas, adotadas por estados e municípios.

"Já temos uma matriz pronta. Daqui a uma semana entregaremos a matriz completa. Temos de entender que temos um Brasil gigante e heterogéneo. Não há forma de essa diretriz não ser costumizada para cada município, estado e região. (...) Temos o trabalho de conseguir ajudar nesse processo de adaptação e ajuste", advogou o governante.

O ministro, que desde que tomou posse vem defendendo a ampliação da testagem à população, afirmou que não haverá exames ao coronavírus disponíveis para grande parte dos brasileiros.

"Não tem teste em massa. Se imaginar a Coreia do Sul, que é referência, fizeram 11 mil testes por milhão de pessoas, isso não é teste em massa. O que você tem que fazer é mapear a população de tal forma, que (o resultado dos testes) reflita a população, e isso já está a acontecer no Brasil", disse.

"Itália fez 25 mil testes por milhão, mais do dobro da Coreia do Sul, e foi aquele desastre. Mais da qualquer coisa, a sabedoria de ter o dado e interpretá-lo, e tomar ações a partir disso, fará toda a diferença", reforçou o ministro.

De acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação, o Brasil testou, até ao momento, 1.373 pessoas por cada um milhão de habitantes (o país tem 210 milhões de habitantes).

Nelson Teich, médico especializado na área de oncologia, sucedeu no cargo a Luiz Henrique Mandetta, demitido a 16 de abril pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, devido a divergências na estratégia de enfrentar a pandemia da covid-19, mais concretamente na questão do isolamento social.

Enquanto Mandetta seguia orientações científicas e defendia firmemente a necessidade de isolamento social para impedir a propagação do vírus, Jair Bolsonaro, por outro lado, insiste que as pessoas devem voltar ao trabalho e que a economia deve ser reativada porque "o Brasil não pode parar" por causa do que classificou como uma "gripezinha".

O isolamento social é uma das medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e pelo próprio executivo brasileiro, para enfrentar a pandemia da covid-19.

Nelson Teich anunciou ainda na quarta-feira o general Eduardo Pazuello como novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, afirmando que se trata de um militar "muito experiente" em logística.

O número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil chegou a 2.906 e os casos confirmados a 45.757, informou na quarta-feira o executivo, acrescentando que nas últimas 24 horas o país contabilizou 165 óbitos e 2.678 infetados.

De acordo com o Ministério da Saúde, o país sul-americano já registou a recuperação de 25.318 pacientes infetados e 17.533 doentes continuavam sob acompanhamento.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias France-Presse, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 181 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

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