O Lar do Comércio, em Matosinhos, onde morreram pelo menos três idosos e 26 estão infetados, vai ser alvo de uma nova vistoria para avaliar se estão a ser cumpridas as medidas de segurança para evitar novos contágios.
"Amanhã [quinta-feira] irá decorrer nova vistoria para avaliar a dinâmica desta situação e confirmar, entre outros, a adoção das práticas e medidas já referidas", revelou o delegado de saúde do concelho, Jaime Baptista, em resposta às questões levantadas hoje pela Lusa.
Aquele responsável informou ainda que está a ser feita a despistagem à covid-19 em todos os funcionários e residentes, que deverá estar concluída esta semana.
Em resposta à Lusa, o delegado de saúde acrescenta que, na sequência das vistorias realizadas anteriormente, houve a necessidade "de corrigir práticas e procedimentos de modo a melhorar o controlo da transmissão, tendo estes aspetos sido discutidos com a Direção em reunião de fecho da vistoria realizada".
Estas medidas, adianta Jaime Baptista, foram já "implementadas", nomeadamente a segregação de utentes.
Questionada a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, sobre a situação no Lar do Comércio, que atualmente tem 240 residentes, aquela entidade, confirmou apenas que existem residentes e utentes covid-19 positivos, sem adiantar, no entanto, se o número divulgado na terça-feira pela direção da instituição, aumentou.
Às informações prestadas pelo delegado de saúde, a ARS Norte acrescentou apenas que "à altura da vistoria verificou-se insuficiência e inadequação de alguns procedimentos e práticas relativamente ao controlo de infeção, tendo, em consequência, sido recomendadas propostas corretivas, mantendo-se a Autoridade de Saúde em articulação com a referida instituição".
Na segunda-feira, a Lusa tinha já questionado estas duas entidades. À data, o delegado de saúde, Jaime Baptista, confrontado com as denúncias de davam conta que a instituição não estava a cumprir os procedimentos de segurança para evitar a propagação do vírus, limitou-se a elencar os procedimentos seguidos neste caso, como em outros, para evitar o contágio.
"A autoridade de saúde determina desde logo, como foi o caso, o isolamento profilático de trabalhadores e residentes confirmados para Covid-19 e dos tipificados como contactos de alto risco, de acordo com as boas práticas e Normas da DGS [Direção-Geral da Saúde]", afirmava em resposta à Lusa.
Hoje, ao Jornal de Notícias (JN), aquele responsável refere que o Lar do Comércio não está a cumprir normas da Autoridade de Saúde.
Em declarações ao JN, Jaime Baptista referiu, que "no sábado passado (dia 18), na sequência de mais testes efetuados no lar, a enfermeira do centro de saúde "não observou a separação por quarto de utentes com e sem sintomas suspeitos".
Segundo o jornal, na sala de convívio também "não foram observadas medidas de separação entre utentes sintomáticos e não sintomáticos, quando os primeiros deviam ser segregados". A enfermeira, que fez as colheitas, afirmou também "que os equipamentos de proteção individual não estavam a ser utilizados corretamente, não havendo mudança de luvas pelos profissionais de utente para utente.
Questionada pela Lusa, a Câmara de Matosinhos, sublinhava, em comunicado, estar disponível para ajudar a resolver os problemas naquela instituição, adiantando que tinha sido realizada uma visita à instituição nos dias 07 e 11 de abril
Segundo a autarquia, à data da vistoria, nenhum utente do Lar do Comércio tinha acusado positivo para covid-19 ou apresentava qualquer sintoma, tendo sido entregue um relatório que resultou dessa mesma visita onde constam todas as recomendações urgentes da equipa técnica.
Ao Lar do Comércio e apesar de não ter chegado nenhum pedido aos serviços do município, tinham sido entregues 500 máscaras cirúrgicas, 100 máscaras FFP2, 40 viseiras e 5 litros de álcool gel, disponibilizados serviços de limpeza para as suas viaturas e líquidos desinfetantes para superfícies interiores e exteriores e líquidos para higiene pessoal.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, morreram 785 pessoas das 21.982 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.