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Covid-19: Se paga dividendos Galp também pode assegurar trabalhadores - Fiequimetal

LUSA
22-04-2020 19:12h

A federação intersindical das empresas de energia defendeu hoje que a Galp tem condições para assegurar o salário dos trabalhadores das refinarias de Sines e Matosinhos, cuja atividade foi suspensa, já que dispõe de liquidez para pagar dividendos.

“A empresa tem condições mais do que suficientes para pôr os trabalhadores em casa e manter os salários. Em setembro distribuiu 262,25 milhões de euros [em dividendos aos acionistas] e na sexta-feira vai distribuir mais 314,7 milhões de euros”, apontou Manuel Bravo da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Impressa, Energia e Minas (Fiequimetal).

Em declarações à Lusa, o sindicalista sublinhou que, ao distribuir dividendos, a petrolífera fica impedida de recorrer ao regime de ‘lay-off’ (redução do horário do trabalho ou suspensão dos contratos) simplificado.

Porém, de acordo com o responsável pelo trabalho sindical na Petrogal, apesar do impacto provocado pela pandemia covid-19, a empresa tem meios para garantir todos os direitos dos trabalhadores, como a remuneração e as férias.

Em causa, estão mil postos de trabalho diretos, 500 na refinaria de Sines, em Setúbal, e 500 na de Matosinhos, no distrito de Porto, que pertencem, maioritariamente, aos quadros da empresa.

A este universo acrescem os colaboradores das empresas que prestam serviços para a Galp.

Manuel Bravo alertou ainda que a empresa está a aproveitar a descida nos preços de petróleo para comprar crude "em saldo", tendo em vista rentabilizar assim que retomar a sua atividade.

Posto isto, a intersindical afeta à CGTP já solicitou uma reunião com a petrolífera para a segunda-feira, mas, até ao momento, não obteve resposta.

Paralelamente, os representantes dos trabalhadores da refinaria de Sines e dos colaboradores das prestadoras de serviços vão juntar-se, na sexta-feira, na portaria da empresa, numa ação de protesto.

Face às medidas de contenção, os trabalhadores não vão estar presentes.

Manuel Bravo afirmou também que, caso a empresa não queira falar com os sindicatos e não assegure os direitos dos trabalhadores, serão postas em prática novas ações de luta.

“A Galp sabe que se não respeitar os direitos dos trabalhadores, quando quiser retomar a sua atividade, vai querer trabalhar e os trabalhadores vão estar na luta”, concluiu.

A Galp vai suspender a atividade na refinaria de Sines a partir de 04 de maio e durante cerca de um mês, por impossibilidade de escoamento “dos produtos produzidos”, na sequência da pandemia, confirmou, na segunda-feira, fonte da empresa.

A empresa justifica a decisão, que se junta agora à anunciada suspensão da produção em Matosinhos, com a “evolução da conjuntura nacional e internacional decorrente da prorrogação do estado de emergência”, decretado por causa da pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que impôs “medidas extremas de contenção, quarentenas cada vez mais restritivas e a paralisação da maioria das atividades económicas”.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 583 mil doentes foram considerados curados.

Portugal regista 785 mortos associados à covid-19 em 21.982 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 23 mortos (+3%) e mais 603 casos de infeção (+2,8%).

Das pessoas infetadas, 1.146 estão hospitalizadas, das quais 207 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou de 917 para 1.143.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".

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