SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: PCP/Ovar quer medidas para agricultura familiar em fase “crucial” de sementeiras

LUSA
15-04-2020 19:01h

O PCP de Ovar exigiu hoje medidas especiais que permitam aos pequenos lavradores desse concelho, em estado de calamidade pública devido à covid-19, retomar a sua atividade no momento atual, que dizem "crucial" para o cultivo de terrenos.

Em causa está o confinamento imposto por lei nessa autarquia do distrito de Aveiro, que desde 18 de março está sujeita a cerco sanitário com controlo de entradas e saídas no território, suspensão da maior parte da atividade industrial e empresarial local, e proibição de toda a circulação que não seja motivada por questões médicas, por carência de bens essenciais ou por necessidade de assistência a familiares.

"Sublinhando que a sua atividade é essencial à vida coletiva, os pequenos agricultores de Ovar afirmam que este é o momento crucial para trabalhar os terrenos agrícolas, mas que a intensa fiscalização tem tornado impossível o desenvolvimento dessa ação dentro do concelho. Além disso, o cordão sanitário não permite que os agricultores possam trabalhar os terrenos fora do concelho e o tempo das várias sementeiras não espera", diz o PCP em comunicado.

O partido defende, aliás, que o surto pandémico de covid-19 também tornou evidentes "problemas que o PCP sempre denunciou, como a necessidade de reforço do Serviço Nacional de Saúde e a defesa da soberania alimentar do país".

Realçando que "o combate à pandemia não pode servir de pretexto para a perda de direitos", os comunistas alertam que o encerramento dos mercados municipais de Ovar e de Esmoriz também levou "à convergência exponencial do consumo nas grandes superfícies, criando uma dificuldade acrescida ao escoamento dos produtos da pequena agricultura e da familiar".

Sendo esse "um sector vulnerável que não se compadece com longos períodos de quarentena e com as medidas presentemente em prática", o PCP reclama "medidas de segurança e higiene que permitam a reabertura do pequeno comércio e dos mercados existentes" e que viabilizem também "o escoamento de produtos agrícolas para lá do cordão sanitário".

Os comunistas de Ovar reclamam essa estratégia não só para o concelho sob quarentena geográfica, mas também o restante território nacional: "É essencial garantir que os agricultores fazem todas as sementeiras da primavera e conseguem escoar os seus produtos, concretizando todo o potencial produtivo do país. A defesa do nosso povo exige que se intensifique a luta pela soberania alimentar".

O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, das quais quase 127.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 428.000 foram já dados como recuperados.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da DGS indicava 599 óbitos entre 18.091 infeções confirmadas. Entre esses doentes, 1.200 estão internados em hospitais, 383 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que no dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário, e a 19 de março foi decretado o estado de emergência para todo o país. Ambos vigoram até às 23:59 da próxima sexta-feira.

O "Grande Confinamento" a que o planeta está sujeito para contenção da covid-19 levou o Fundo Monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos de existência: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona Euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, antecipa-se este ano uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9%.

MAIS NOTÍCIAS