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Covid-19: O impacto social da pandemia

Canal S+ / TB
14-04-2020 22:43h

Este é o título de um inquérito feito a um conjunto de portugueses e que será dividido em vários momentos, para acompanhar a evolução da visão destes cidadãos sobre o momento de exceção que todos estamos a viver. Para já, parecem estar satisfeitos com o comportamento do Governo e das instituições, apoiam as medidas de contenção e têm a saúde e a economia no centro das suas preocupações. Mas se há mensagem clara a resultar deste trabalho, é a de que os efeitos desta pandemia não são iguais para todos.

Depois de uma sondagem cujos resultados foram divulgados no final de março, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS) e o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa convidaram alguns milhares de portugueses a participar num inquérito que tem como objetivo observar a evolução das suas opiniões e comportamentos sobre o papel das autoridades e das instituições e as medidas tomadas ao longo deste período de pandemia, e também sobre a forma como veem o futuro pós-COVID.

Mais que servir de amostra representativa da visão generalizada da nossa população, os resultados deste trabalho remetem para claros contrastes de opinião entre diferentes perfis de portugueses. E foi sobre esses contrastes que conversámos com Pedro Magalhães, investigador do ICS.

As medidas de contenção
Que opinião têm os portugueses das opções tomadas pelo Governo para tentar limitar o número de infecções? Foram as corretas? Pecaram por excesso ou por defeito? E o estado de emergência, justificava-se? Estas são algumas das principais interrogações colocadas através deste inquérito. Os cidadãos mais jovens mostraram-se defensores das medidas de contenção e, no seu entender, teria sido desejável que a intensidade das mesmas fosse superior.

Maiores limitações à circulação de pessoas e menos espaços comerciais em funcionamento são algumas das alterações que os jovens inquiridos promoveriam.

A quarentena
Este trabalho procurou perceber também os efeitos que o confinamento está a ter nos inquiridos. Estarão todas as pessoas a lidar com esta nova realidade da mesma maneira, ou será que variáveis como a idade ou a condição económica se traduzem em repercussões diferentes? As respostas demonstram que o contexto tem aqui um papel importante.

O desempenho dos políticos e das instituições
O escrutínio público a que Governo e demais autoridades e instituições têm estado sujeitos durante a pandemia não tem diminuído, muito pelo contrário. Com um olhar crítico e particularmente atento nesta fase da vida coletiva do país, sentirão os portugueses inquiridos confiança no trabalho que tem sido feito? Pedro Magalhães diz que sim, mas assegura também que os cidadãos fazem distinções claras.

As fontes de informação
Outro dos indicadores que este trabalho procurou esclarecer é a forma como os portugueses inquiridos escolhem informar-se. Estarão todos a basear-se nas fontes mais fidedignas, e será que todos recorrem aos media tradicionais, como a televisão e os jornais, para estarem a par do que se passa? E as redes sociais, motivam ceticismo ou são tidas como confiáveis? Os dados mostram que as opiniões dividem-se.

Os efeitos económicos
São já muitos os cidadãos portugueses a fazer contas à vida por causa da pandemia. Uns estarão numa situação de lay-off laboral que reduz o seu rendimento, outros estarão a passar pelo drama da perda do seu emprego. Existem ainda todos aqueles que continuam a trabalhar e que se mantêm num contexto económico semelhante ao que tinham. Assimetrias, portanto, não faltam. E este inquérito vem confirmar essas assimetrias são muito profundas.

O futuro
O que é que preocupa verdadeiramente os portugueses inquiridos, nesta altura? A questão sanitária, por um lado, e a condição económica dos próprios e do país, por outro, são previsivelmente os aspetos que mais os inquietam. Curiosamente, a prioridade pela qual se ordenam difere consoante a idade da pessoa em causa.

Este inquérito terá uma nova vaga de questões aos mesmos indivíduos, cujos resultados serão apresentados dentro de algumas semanas, e terá como objetivo medir continuidades e diferenças relativamente a opiniões e atitudes anteriores. O enfoque será colocado no futuro, num momento em que já se consideram formas de regressar à normalidade. Que normalidade e que regresso serão esses? Que medidas poderão ser vistas como aceitáveis e que outras poderão fazer soar os alarmes? Terão a palavra os portugueses.

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