O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e o Conselho de Europa apelaram hoje aos países europeus que recorram ao apoio que os profissionais de saúde refugiados podem dar no combate à pandemia da covid-19.
Num comunicado conjunto, as duas organizações destacaram que existem refugiados e demandantes de asilo com experiência na Europa dispostos a ajudar os sistemas nacionais de saúde no período crítico que a Europa atravessa.
“A maioria das profissões ligadas à saúde estão estritamente reguladas e as autoridades sanitárias competentes devem conceder as autorizações necessárias”, lê-se no documento.
O alto comissário do ACNUR, Filippo Grandi, realçou que os refugiados com competência profissional demonstrada “estão preparados para intervir e contribuir se forem autorizados”, sob a supervisão de profissionais de saúde.
“Podem mostrar, assim, a sua solidariedade e contribuir para as comunidades que os acolhem”, acrescentou.
Por seu lado, a secretária-geral do Conselho de Europa, Marija Pejcinovic, sublinhou que os refugiados, as sociedades de acolhimento e os países de origem beneficiam do Passaporte Europeu de Qualificação dos Refugiados (EQPR, na sigla em inglês).
“Mesmo que a sua qualificação não possa ser justificada cm documentos, podem ajudar”, salientou.
A secretária-geral do Conselho da Europa, instituição que congrega 47 Estados membros, deixou, porém, claro que o EQPR não substitui os certificados e diplomas profissionais requeridos, mas ajuda as autoridades a acelerar o processo de qualificação.
Ambas as organizações estão já a trabalhar para identificar, entre os refugiados, os profissionais sanitários e a ajudar a avaliar as respetivas competências, além de apoiarem “totalmente” as iniciativas surgidas em vários países europeus para integrar esses trabalhadores.
O EQPR está em vigor na Alemanha, Arménia, Bósnia-Herzegovina, França, Grécia, Itália, Noruega, Países Baixos, Reino Unido e Canadá, este como Estado observador do Conselho da Europa.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.