O Iraque suspendeu por três meses a licença de atividade da agência Reuters no país devido a um texto segundo o qual há milhares de casos de infeção pelo novo coronavírus não notificados, anunciou hoje a agência noticiosa.
Segundo a Reuters, a Comissão dos Media e Comunicações do Iraque acusa a agência de “pôr em risco a segurança da sociedade” e “dar uma má imagem da célula de crise” governamental criada para gerir a pandemia ligada ao novo coronavírus.
Além da suspensão, a referida comissão aplicou à Reuters uma multa de 21 mil dólares (19,1 mil euros).
A Reuters afirma lamentar a decisão, mas recusa repudiar o texto em causa, que diz basear-se em múltiplas fontes médicas e políticas e apresentar integralmente a posição do Ministério da Saúde.
“Estamos a tentar resolver a questão e trabalhamos para poder continuar a assegurar notícias fiáveis do Iraque”, afirma a Reuters num comunicado.
O Ministério da Saúde iraquiano divulga diariamente os números oficiais relativos ao novo coronavírus.
O balanço mais recente, anunciado na segunda-feira, é de 1.378 casos de infeção, 78 mortes e 717 casos curados.
Os hospitais iraquianos, segundo as autoridades, já realizaram dezenas de milhares de testes.
O Iraque tem cerca de 40 milhões de habitantes, 10 milhões dos quais na capital, Bagdad.
A missão da ONU no Iraque admitiu recentemente como “inevitável” que o número de casos no país esteja subavaliado, “devido ao medo, a questões culturais, entre as quais a estigmatização, [a existência] de pacientes assintomáticos não diagnosticados, a falta de vigilância ativa e o número limitado de testes”.
Na última classificação mundial relativa à liberdade de imprensa da organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Iraque está na 156.ª posição em 180 países.
Surgido em dezembro na China, o novo coronavírus já fez mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios