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OMS alerta para perigo do vírus em países devastados pela guerra

LUSA
27-03-2020 13:36h

O responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al-Mandhari, alertou hoje para as repercussões de uma possível disseminação do novo coronavírus nos países da região devastados pela guerra.

“O aparecimento do vírus em países muito mais vulneráveis com sistemas de saúde frágeis, incluindo a Síria e a Líbia, constitui uma preocupação especial”, indicou aquele diretor regional da OMS num comunicado.

De acordo com os dados divulgados no texto, 21 dos 22 países da região do Mediterrâneo Oriental registam casos do novo coronavírus, incluindo a Síria com cinco infeções e a Líbia com uma confirmada oficialmente.

“Um país como a Síria, devastado pela guerra e com milhões de deslocados, com um sistema de saúde já no limite, ficará claramente sobrecarregado com um surto da covid-19 e o impacto pode ser catastrófico”, adiantou Al-Mandhari.

O responsável chamou a atenção para a situação nos acampamentos em Idlib (região no noroeste da Síria, último grande bastião rebelde e ‘jihadista’ no país) e nas províncias vizinhas, “sobrelotados”, adiantando que a OMS e os seus parceiros estão a treinar 540 profissionais de 180 unidades de saúde na zona sobre “segurança, prevenção e controlo de infeções”.

Na Líbia, a guerra civil em curso associada ao seu precário sistema de saúde reduz a capacidade do país de responder à pandemia, disse ainda.

Al-Mandhari precisou que a capacidade de dar resposta ao surto é “extremamente limitada no leste da Líbia e quase inexistente no sul” do país, assinalando que “movimentos populacionais grandes e frequentes entre a Líbia e outros países afetados aumentam o risco para uma população de pessoas vulneráveis”.

O diretor regional da agência da ONU referiu que outra das preocupações é “a escassez global de ‘kits’ de testes e de equipamentos de proteção para profissionais de saúde”, além das restrições às viagens e do encerramento de fronteiras.

“Tudo isto impede a capacidade da OMS de fornecer, com urgência, conhecimentos técnicos e material necessário a esses e outros países”, adiantou Al-Mandhari no comunicado.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540.000 pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 292.000 infetados e quase 16.000 mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos.

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