Um total de 3.203 reclusos vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) em estabelecimentos penitenciários em Moçambique, 875 dos quais diagnosticados com a doença entre janeiro e novembro deste ano, anunciou fonte oficial.
"Atualmente, 3.203 reclusos vivem com HIV nos Estabelecimentos Penitenciários. Deste número, 2.995 estão em tratamento antirretroviral (TARV) e contam-se 2.028 casos em supressão viral", lê-se numa nota do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, consultada hoje pela Lusa.
De acordo com o documento, que aponta dados do Serviço Nacional Penitenciário, de janeiro a novembro de 2025, 19.637 reclusos foram submetidos a testagem da doença, tendo sido declarados positivos 875 casos.
A Lusa noticiou no dia 01 de dezembro que a primeira-ministra de Moçambique afirmou que o país registou "avanços significativos" no combate ao VIH/Sida, apesar de admitir que a doença continua "um dos maiores desafios" de saúde, quando 87% dos infetados estão diagnosticados.
"Ao longo dos últimos anos, o nosso país registou avanços significativos na prevenção e combate ao HIV/Sida. Contudo, esta epidemia continua a ser um dos maiores desafios de saúde pública que o nosso país enfrenta", disse na altura Benvinda Levi, em Maputo.
A primeira-ministra moçambicana apontou o reforço das abordagens comunitárias e a proteção no acesso ao Tratamento Antirretroviral (TARV), com dispensa trimestral e semestral, assim como o aumento da testagem como avanços registados no combate ao VIH no país.
Pelo menos 116.043 moçambicanos com VIH iniciaram tratamento antirretroviral no primeiro semestre, incluindo 5.830 crianças, segundo informação do Gabinete Parlamentar de Prevenção e Combate ao VIH/Sida, apresentada na quinta-feira na Assembleia da República.
Segundo este gabinete, a cobertura geral do TARV em relação à pessoa vivendo com VIH até junho deste ano foi de 82%, abrangendo mais de dois milhões de pessoas, sendo pouco mais de 97 mil em crianças de 0 a 14 anos, pouco mais de 116 mil em adolescentes dos 10 aos 19 anos e mais de 1,9 milhões em adultos que estavam já em tratamento.
Moçambique é o terceiro país no mundo com mais pessoas com VIH e o segundo em termos de novas infeções, com prevalência de 12,5% em adultos com mais de 15 anos, sendo mais alta em mulheres (15%) do que em homens (9,5%), segundo dados divulgados recentemente, que estimam em 2,3 a 2,6 milhões o número de pessoas a viver com VIH, incluindo 125.000 a 170.000 crianças.
O número de mortes por VIH/Sida em Moçambique manteve-se em cerca de 44.000 em 2024, segundo dados oficiais divulgados em 13 de novembro e que estimam ainda 92 mil novas infeções, caindo para quase metade em 15 anos.