Quase uma dezena de países árabes e muçulmanos reafirmaram o apoio à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), após a Assembleia Geral da ONU ter renovado o seu mandato por mais três anos.
Em comunicado conjunto, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Paquistão, Turquia, Arábia Saudita, Qatar e Egito destacaram o “papel indispensável” da agência na proteção dos direitos e do bem-estar de milhões de refugiados palestinianos, recordando que há décadas assegura serviços essenciais de educação, saúde, apoio social e ajuda de emergência.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros destes países sublinharam a “importância crítica” da rede de distribuição da UNRWA, que permite a entrega de alimentos e bens essenciais “de forma justa e eficiente”, particularmente perante a “crise humanitária sem precedentes” resultante da ofensiva israelita em Gaza, onde já morreram mais de 70.300 pessoas.
As mesmas fontes destacaram ainda que escolas e centros de saúde da agência continuam a funcionar “em condições extremamente difíceis”, desempenhando um papel vital para a comunidade refugiada e contribuindo para que os palestinianos “permaneçam no seu território e reconstruam a sua pátria”.
A declaração conjunta defende que a UNRWA “é insubstituível”, alertando que qualquer enfraquecimento da agência teria “graves repercussões humanitárias, sociais e políticas” em toda a região.
Os países apelaram, por isso, à comunidade internacional para garantir “financiamento sustentável e adequado” e assegurar o espaço político e operacional necessário ao trabalho da organização.
A aprovação na ONU da renovação do mandato foi interpretada como prova de “confiança internacional” na agência.
No início deste ano, o Parlamento israelita (Knesset) proibiu as operações da UNRWA em Israel, justificando com uma alegada ligação entre os responsáveis da UNRWA e o grupo islâmico Hamas.
O Tribunal Internacional de Justiça decidiu que Israel não provou as suas alegações de que parte significativa dos funcionários da UNRWA eram membros do Hamas, nem demonstrou a alegada falta de neutralidade da agência humanitária.
Os países árabes condenaram também a recente incursão das forças de segurança israelitas na sede da UNRWA em Jerusalém Oriental, durante a qual a bandeira da ONU foi substituída por uma israelita.
“Este ataque constitui uma violação flagrante do direito internacional e da inviolabilidade das instalações da ONU, além de contrariar o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça de 22 de outubro de 2025”, disseram os signatários do documento, lembrando que Israel, enquanto potência ocupante, está obrigado a facilitar as operações da UNRWA.