SAÚDE QUE SE VÊ

Ex-ministro da Saúde moçambicano critica falhas na prevenção da malária

Lusa
10-12-2025 20:02h

O antigo ministro da Saúde moçambicano Ivo Garrido criticou hoje a tendência de “estagnação” dos índices de prevalência e incidência de malária em Moçambique, apontando para falhas na prevenção da doença.

“Estamos a falhar sobretudo na prevenção. Foram (...) apresentados aqui certos mapas com a evolução da prevalência e da incidência da malária ao longo de décadas e o que nós verificamos é que, às vezes, baixa um bocadinho, mas a tendência é praticamente para estagnação”, disse Ivo Garrido, durante o Fórum Anual de Malária em Nampula, no norte de Moçambique.

Segundo o antigo ministro da Saúde (2005-2010), a incidência e prevalência da malária “praticamente não mexem” em Moçambique desde a proclamação da independência, em 1975, apesar dos esforços do país para travar a doença.

“A prevalência mantém-se na mesma, a incidência mantém-se na mesma (…). Algo não está a correr bem na nossa estratégia de luta contra a malária”, afirmou Garrido, criticando também a importação de alguns materiais médicos produzidos em Moçambique.

“Quer dizer, vocês em Nampula [produtores] exportam algodão para eu, em Maputo, importar algodão”, disse, em alusão a uma conversa tida com o governador daquela província.

Segundo as autoridades de Saúde de Nampula, pelo menos 87 pessoas morreram por malária em 10 meses deste ano, das mais de dois milhões que contraíram a doença.

“A nossa província enfrenta desafios complexos e multifacetados que exigem uma abordagem coletiva e inclusiva. É hora de deixar de lado as diferenças religiosas, culturais e políticas e unir esforços para encontrar soluções”, disse Eduardo Abdula, governador de Nampula.

O Ministério da Saúde moçambicano disse terça-feira que o país registou cerca de 10,3 milhões de casos de malária, entre janeiro e setembro, contra nove milhões no mesmo período do ano passado, um aumento em 14% de novos casos da doença.

Em 17 de junho, havia divulgado que pelo menos 270 pessoas morreram vítimas de malária de janeiro a maio deste ano.

Em 2024, pelo menos 358 pessoas morreram vítimas da doença neste país africano, que registou mais de 11,5 milhões de casos e cerca de 67 mil internamentos, avançou, em 25 de abril, o Presidente moçambicano, no âmbito do Dia Mundial da Malária, pedindo maior proteção para as crianças.

A vacina contra a malária R21/Matrix-M, a segunda para crianças, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, já está em utilização em Moçambique, seguindo os conselhos do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) e do Grupo Consultivo de Políticas sobre Malária (MPAG).

MAIS NOTÍCIAS