 
            O líder socialista desafiou hoje o Governo a esclarecer se quer o apoio do PS para um eventual acordo sobre a saúde após feito “tábua rasa” das políticas dos executivos de António Costa.
José Luís Carneiro visitou esta manhã o Amadora BD, um festival internacional de banda desenhada, e foi questionado pelos jornalistas sobre a sugestão feita na véspera pelo Presidente da República para um acordo político sobre o papel do SNS, do setor social e do setor privado na saúde.
“Se quer o contributo do PS, tem que reconhecer que falhou, porque o Governo foi lesto a atacar os governos do PS na área da saúde. Os governos do PS apresentaram soluções, tinham mesmo uma reforma em curso, que o Governo decidiu decapitar. Decidiu, sem avaliar os resultados, alterar estruturalmente o que estava a ser feito”, defendeu.
Para José Luís Carneiro, o executivo de Luís Montenegro deve “dizer publicamente se precisa ou não do apoio do Partido Socialista” porque “dá a ideia que o Governo dispensa o apoio do PS”.
“Se fosse sensível às propostas, talvez alguns dos problemas graves que se viveram no verão não se tivessem vivido”, disse, desafiando o Governo a responder sobre a proposta que o PS apresentou para a gestão da emergência hospitalar.
Carneiro considerou que “os portugueses sabem” que o PS está sempre “do lado das soluções e das propostas”, e por isso é que tomou a iniciativa de apresentar várias medidas, entre as quais para a área da saúde.
“Então, quem é que é o responsável por estas decisões? É o líder da oposição? Não. É o primeiro-ministro, que é o líder do Governo e aquele que prometeu soluções simples e que fez tábua rasa sobre o caminho que estava a ser realizado no país para responder de forma estrutural, com melhor organização, mais eficiência e uma boa administração de recursos”, afirmou.
O líder do PS insistiu na ideia de que há “um falhanço clamoroso” na saúde, cujo responsável é o primeiro-ministro, acusando o Governo de propor “cortar 10% no Serviço Nacional de Saúde para 2026”.
“Eu pergunto se é credível que, com um défice de dois mil milhões deste ano e com um défice previsto de mil milhões por ano, se é possível encurtar 10% na despesa da saúde. Alguém acredita naquilo que o primeiro-ministro está a dizer ao país?”, questionou.
O Presidente da República sugeriu na quinta-feira um acordo político sobre o papel do SNS, do setor social e do setor privado na saúde, para que haja um quadro de médio prazo.
Numa intervenção no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, no encerramento de uma conferência sobre os 50 anos do Serviço Médico na Periferia (SMP), Marcelo Rebelo de Sousa criticou as constantes mudanças de política da saúde com os sucessivos governos.
Segundo o chefe de Estado, o Governo deve decidir, primeiro, se quer ou não fazer acordo, mas "mesmo sem acordo, tem de um dia tomar uma decisão sobre isto: o que é que deve ser SNS, o que é que deve ser setor social, o que é que deve ser setor privado lucrativo - com a flexibilidade suficiente para pensar nas interações”.
 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                