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Especialidade de urgência permitirá aos médicos portugueses atuarem no espaço Schengen

Lusa
27-10-2025 16:53h

A nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência permitirá que médicos portugueses atuem em serviços de urgência em qualquer país do espaço Schengen, disse hoje à Lusa Nuno Catorze, da comissão instaladora da Ordem dos Médicos (OM).

“Isto vai permitir uma coisa fantástica. Quem trabalha em urgência e emergência em Portugal vai poder fazê-lo no espaço Schengen, sem qualquer problema, porque os programas são reconhecidos, as especialidades são reconhecidas”, afirmou Nuno Catorze.

O médico do Colégio de Medicina de Urgência e Emergência da OM falava à Lusa depois de o Governo ter aprovado o novo programa de formação com o objetivo de capacitar médicos para respostas mais eficazes e seguras.

A criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência, aprovada pela Assembleia de Representantes da OM em setembro do ano passado, é uma medida prioritária do Plano de Emergência e Transformação da Saúde e entra em vigor na terça-feira.

De acordo com Nuno Catorze, a nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência permitirá o reconhecimento mútuo de competências entre países europeus, facilitando a mobilidade de profissionais e o aproveitamento de saber técnico internacional.

“Ao contrário do que hoje acontece, temos especialistas da Bélgica ou dos Países Baixos cuja especialidade não é reconhecida em Portugal”, afirmou o médico da comissão instaladora.

Com a nova especialidade, Portugal “poderá absorver” também médicos experientes em contexto pré-hospitalar e hospitalar, até agora excluídos por falta de reconhecimento formal.

“É algo que é uma mais-valia para o sistema, nomeadamente para o sistema português”, concluiu.

Nuno Catorze lembrou que esta especialidade não pretende substituir outras áreas hospitalares, mas atuar em complementaridade, com médicos dedicados ao doente urgente e emergente, permitindo uma atuação transversal — pré-hospitalar, hospitalar e pós-hospitalar — com competências em cenários de catástrofe, medicina legal e saúde pública.

O plano formativo aprovado abrange 22 áreas clínicas, como paragem cardiorrespiratória, trauma, infeções graves, intoxicações, psiquiatria, obstetrícia e exposição a fatores externos.

A formação define ainda um plano de cinco anos, com curso inicial, estágios tutelados e atividades assistenciais em ambiente de urgência, incluindo um curso teórico-prático no primeiro mês, sob responsabilidade do serviço de colocação e com apoio técnico do Colégio da Especialidade da OM.

O programa prevê também um estágio no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com duração de dois meses, focado no treino em contexto pré-hospitalar, incluindo Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e transporte aéreo.

A nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência conta com 480 candidatos aprovados, num universo de cerca de 1.800 candidaturas validadas, de acordo com os dados mais recentes da OM.

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