A nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência permitirá que médicos portugueses atuem em serviços de urgência em qualquer país do espaço Schengen, disse hoje à Lusa Nuno Catorze, da comissão instaladora da Ordem dos Médicos (OM).
“Isto vai permitir uma coisa fantástica. Quem trabalha em urgência e emergência em Portugal vai poder fazê-lo no espaço Schengen, sem qualquer problema, porque os programas são reconhecidos, as especialidades são reconhecidas”, afirmou Nuno Catorze.
O médico do Colégio de Medicina de Urgência e Emergência da OM falava à Lusa depois de o Governo ter aprovado o novo programa de formação com o objetivo de capacitar médicos para respostas mais eficazes e seguras.
A criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência, aprovada pela Assembleia de Representantes da OM em setembro do ano passado, é uma medida prioritária do Plano de Emergência e Transformação da Saúde e entra em vigor na terça-feira.
De acordo com Nuno Catorze, a nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência permitirá o reconhecimento mútuo de competências entre países europeus, facilitando a mobilidade de profissionais e o aproveitamento de saber técnico internacional.
“Ao contrário do que hoje acontece, temos especialistas da Bélgica ou dos Países Baixos cuja especialidade não é reconhecida em Portugal”, afirmou o médico da comissão instaladora.
Com a nova especialidade, Portugal “poderá absorver” também médicos experientes em contexto pré-hospitalar e hospitalar, até agora excluídos por falta de reconhecimento formal.
“É algo que é uma mais-valia para o sistema, nomeadamente para o sistema português”, concluiu.
Nuno Catorze lembrou que esta especialidade não pretende substituir outras áreas hospitalares, mas atuar em complementaridade, com médicos dedicados ao doente urgente e emergente, permitindo uma atuação transversal — pré-hospitalar, hospitalar e pós-hospitalar — com competências em cenários de catástrofe, medicina legal e saúde pública.
O plano formativo aprovado abrange 22 áreas clínicas, como paragem cardiorrespiratória, trauma, infeções graves, intoxicações, psiquiatria, obstetrícia e exposição a fatores externos.
A formação define ainda um plano de cinco anos, com curso inicial, estágios tutelados e atividades assistenciais em ambiente de urgência, incluindo um curso teórico-prático no primeiro mês, sob responsabilidade do serviço de colocação e com apoio técnico do Colégio da Especialidade da OM.
O programa prevê também um estágio no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com duração de dois meses, focado no treino em contexto pré-hospitalar, incluindo Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e transporte aéreo.
A nova especialidade de Medicina de Urgência e Emergência conta com 480 candidatos aprovados, num universo de cerca de 1.800 candidaturas validadas, de acordo com os dados mais recentes da OM.