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Destino de contracetivos da USAID ainda por decidir – responsável da ONU

Lusa
21-10-2025 16:38h

O lote de contracetivos norte-americanos armazenado na Bélgica ainda não foi destruído, disse hoje a diretora do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Diene Keita, que espera recuperá-los para distribuição.

O Governo republicano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proprietário de uma grande quantidade de contracetivos armazenados na Bélgica e destinados aos países africanos, anunciou em meados de julho que pretendia destruí-los, desencadeando protestos de organizações não-governamentais (ONG) e associações feministas, sobretudo em França.

“Até ao momento, não foram destruídos. Estamos a trabalhar secretamente para defender [que] nos sejam entregues, para que possamos distribuí-los a quem precisa”, assegurou Diene Keita, citada pela agência de notícias francesa AFP.

“Espero que isto seja resolvido nas próximas semanas”, acrescentou.

Estimado em 10 milhões de dólares (8,6 milhões de euros), segundo várias fontes, o ‘stock’ está no centro de uma disputa entre Washington e a Bélgica há várias semanas.

Hoje contactadas pela AFP, as autoridades belgas não responderam até agora a pedidos de comentário.

O lote de contracetivos foi financiado por contratos da USAID (Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional), aprovados durante a presidência do democrata Joe Biden.

Desde então, o Governo Trump reduziu significativamente o seu apoio à ajuda internacional e aos programas de planeamento familiar.

A nova política dos Estados Unidos “reduz o acesso à contraceção” em todo o mundo, embora o apoio de outros “grandes doadores”, como o Reino Unido, os Países Baixos e França, permita a continuidade das ações nesta área, explicou Diene Keita.

Para a diretora do Fundo das Nações Unidas para a População, os direitos das mulheres em matéria de saúde sexual e reprodutiva “estão em grave declínio em todo o mundo, em diversos segmentos da sociedade”.

A responsável do FNUAP lamentou os “demasiado numerosos discursos virulentos e negativos” sobre o assunto, que devem levar a “refletir sobre como reformular a narrativa”.

“Se queremos que as gerações futuras se sintam confortáveis no seu mundo e nos seus corpos, essas escolhas e direitos têm de persistir”, sustentou.

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