O grupo de antigas personalidades internacionais que integra os 'Sábios' denunciou hoje um “genocídio” em curso em Gaza e “a obstrução deliberada por parte de Israel à entrada de ajuda humanitária” no território palestiniano sitiado.
“O que vimos e ouvimos reforça a nossa convicção pessoal: não se trata apenas de uma fome de origem humana que está em curso em Gaza, mas de um genocídio”, afirmou o grupo ('The Elders') num comunicado.
Fundado por Nelson Mandela, o coletivo conta entre os seus membros com o antigo secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon e a ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.
Os 'Sábios' apelam a Israel para “abrir imediatamente todas as passagens fronteiriças” para o território palestiniano, incluindo a de Rafah, na fronteira com o Egito.
“A Convenção de 1948 sobre o Genocídio foi criada na sequência do Holocausto para impedir que este crime se repetisse. Mas está a ser desrespeitada, em palavras e atos, por Israel em Gaza, bem como por poderosos Estados membros da ONU que não exigem responsabilidades aos dirigentes israelitas”, acrescenta o texto.
Na sequência do ataque mortal do Hamas de 07 de outubro de 2023, que causou 1.219 mortos em Israel – na maioria civis –, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais, Israel lançou uma vasta ofensiva militar em Gaza.
As represálias já provocaram 61.499 mortos, maioritariamente civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados credíveis pela ONU.
No mesmo comunicado, os 'Sábios' apelam também ao Hamas para “libertar imediatamente todos os reféns israelitas” que ainda mantém em Gaza.
Entre os 251 reféns capturados durante o ataque de outubro de 2023, 49 permanecem detidos na Faixa, dos quais 27 terão morrido, segundo o Exército israelita.
“Instamos Israel e o Hamas a retomarem as negociações para um cessar-fogo e a concluírem um acordo”, defendem os 'Sábios'.
Enquanto isso, os governos devem impor “sanções direcionadas” contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e a “todos os membros do seu gabinete de segurança”, afirmam, elogiando a iniciativa de vários países, incluindo França e Austrália, de reconhecerem em breve um Estado da Palestina.
Portugal também já anunciou a mesma intenção e poderá oficializar esse reconhecimento na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro.
O grupo apela ainda ao fim das vendas de armas a Israel e à suspensão, por parte da União Europeia (UE), do acordo de associação com aquele país.