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Executivo Trump corta financiamento de vacinas para Covid-19 e gripe

LUSA
06-08-2025 00:16h

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano revelou que vai cancelar contratos e cortar o financiamento do desenvolvimento de algumas vacinas para combater vírus respiratórios como a Covid-19 e a gripe.

Robert F. Kennedy Jr., o secretário de Saúde norte-americano e crítico de longa data das vacinas, afirmou em comunicado na terça-feira que serão interrompidos projetos de desenvolvimento de vacinas no valor de 500 milhões de dólares, todos com recurso à tecnologia de mRNA.

Os 22 projetos em causa estão a ser liderados por algumas das principais empresas farmacêuticas do país, como a Pfizer e a Moderna, para prevenir infeções por gripe, Covid-19 e H5N1.

As vacinas de mRNA foram aplamente elogiadas pela comunidade científica internacional pelo seu papel no abrandamento da pandemia do coronavírus em 2020-2021.

Kennedy disse em comunicado que deseja que o seu departamento se afaste das vacinas de mRNA, e que comece a "investir em soluções melhores", sem referir quais.

Nos últimos anos, Robert Kennedy Jr. tem sido um defensor de várias teorias contra as vacinas da Covid-19, assim como sobre os supostos vínculos entre a vacinação e o autismo, especialmente através da organização Children's Health Defense, de que é cofundador.

Desde que assumiu a liderança do Departamento da Saúde, em fevereiro, iniciou uma profunda reformulação das autoridades de saúde.

No mês passado, anunciou que o país deixará de usar uma substância contida nas vacinas que há muito é criticada por especialistas antivacinas, que alegam que esta causa autismo, acusações que foram refutadas por cientistas.

O timerosal, um conservante à base de mercúrio, que impede a proliferação bacteriana e fúngica, foi amplamente estudado, e várias autoridades, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não encontraram qualquer prova de que possa ser nocivo para a saúde.

Esta decisão seguiu o voto de um painel de especialistas, convocado no mês passado por Robert Kennedy Jr., que aprovou o fim da utilização do timerosal nas vacinas contra a gripe para adultos, mulheres grávidas e crianças no país.

Embora esta substância seja agora raramente utilizada em vacinas nos Estados Unidos, as recomendações do painel alarmaram os cientistas, que consideram que esta decisão mostra como as posições antivacinação estão agora enraizadas na política de vacinação norte-americana.

Paralelamente, Kennedy Jr. tem vindo a pressionar por mais tecnologia na área da saúde, defendendo dispositivos que monitorizem o bem-estar e a telessaúde, procurando recolher mais dados dos registos médicos dos norte-americanos, incluindo para estudar o autismo e a segurança das vacinas.

O secretário de Saúde preencheu a agência com funcionários com um histórico de trabalho ou gestão de 'startups' e empresas de tecnologia de saúde, segundo os media norte-americanos.

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